20 dezembro 2005
a porta do futuro: "future is the mind"
21/11/2004
Conversamos um pouco com um casal, durante um jantar num dos típicos restaurantes de Lisboa. Eles estavam na mesa ao lado da nossa e demonstraram estar a fim de um papo.
São Belgas e falam "flamengo". Ao saberem que éramos brasileiros, manifestaram muito interesse, principalmente o homem, que já era um senhor.
Ele repetiu diversas vezes, em inglês, que o Brasil é o país do futuro. Eu manifestei minha discordância. Comentei sobre os enormes problemas brasileiros. Afirmei que economicamente o Brasil tem, nos últimos anos, retrocedido no tempo.
O Belga balançou a cabeça e disse com ênfase que, sem dúvidas o Brasil era mesmo o país do futuro. E aquela simples conversa confirmava isto.
E explicou seu ponto de vista: "Future is not ecnomic. Future is the mind. It is multicultural. It is diversity".
naquela agradável noite de verão em Lisboa, talvez o belga, inspirado pela visita ao claustro do Mosteiro dos Jerônimos e sob intenso efeito do vinho português, apenas divagasse sobre navegadores a singrar os mares e a criar a civilização transoceânica moderna.
em seu devaneio sonhava com manhãs e cavalos brancos nas margens enevoadas do Tejo, e acabou tomando o Brasil como futura realização do Quinto Império.
sendo assim, aquilo não passou de mera conversa de bar, pronta a ser relegada ao esquecimento pela dura realidade do dia seguinte.
pode ser também que o belga se referisse aos mais valiosos patrimônios Brasileiros: o povo, que tem a maior mistura genética do mundo, a imensa biodiversidade existente no país e o fantástico componente multicultural de nossa sociedade.
neste caso, fica um tanto inusitado testemunhar em Portugal, de quem fomos colônia, um belga a se ufanar pelo Brasil, mesmo que eu me esforçasse para convencê-lo do contrário.
por outro lado, o belga tem toda razão em afirmar que o futuro não é econômico, sob cujo prisma nos tornamos humanos em virtude do trabalho, e que por ser fator hegemônico trouxe a humanidade ao beco sem saída atual, cuja falência de modelos tem uma de suas mais agudas expressões no Brasil contemporâneo.
o futuro é a mente ? pode ser apenas um jeito de se pensar... seja como for, podemos estar certos de que não haverá futuro algum se não começarmos a pensar e discutir um outro caminho aqui e agora no presente.
21/11/2004
Conversamos um pouco com um casal, durante um jantar num dos típicos restaurantes de Lisboa. Eles estavam na mesa ao lado da nossa e demonstraram estar a fim de um papo.
São Belgas e falam "flamengo". Ao saberem que éramos brasileiros, manifestaram muito interesse, principalmente o homem, que já era um senhor.
Ele repetiu diversas vezes, em inglês, que o Brasil é o país do futuro. Eu manifestei minha discordância. Comentei sobre os enormes problemas brasileiros. Afirmei que economicamente o Brasil tem, nos últimos anos, retrocedido no tempo.
O Belga balançou a cabeça e disse com ênfase que, sem dúvidas o Brasil era mesmo o país do futuro. E aquela simples conversa confirmava isto.
E explicou seu ponto de vista: "Future is not ecnomic. Future is the mind. It is multicultural. It is diversity".
naquela agradável noite de verão em Lisboa, talvez o belga, inspirado pela visita ao claustro do Mosteiro dos Jerônimos e sob intenso efeito do vinho português, apenas divagasse sobre navegadores a singrar os mares e a criar a civilização transoceânica moderna.
em seu devaneio sonhava com manhãs e cavalos brancos nas margens enevoadas do Tejo, e acabou tomando o Brasil como futura realização do Quinto Império.
sendo assim, aquilo não passou de mera conversa de bar, pronta a ser relegada ao esquecimento pela dura realidade do dia seguinte.
pode ser também que o belga se referisse aos mais valiosos patrimônios Brasileiros: o povo, que tem a maior mistura genética do mundo, a imensa biodiversidade existente no país e o fantástico componente multicultural de nossa sociedade.
neste caso, fica um tanto inusitado testemunhar em Portugal, de quem fomos colônia, um belga a se ufanar pelo Brasil, mesmo que eu me esforçasse para convencê-lo do contrário.
por outro lado, o belga tem toda razão em afirmar que o futuro não é econômico, sob cujo prisma nos tornamos humanos em virtude do trabalho, e que por ser fator hegemônico trouxe a humanidade ao beco sem saída atual, cuja falência de modelos tem uma de suas mais agudas expressões no Brasil contemporâneo.
o futuro é a mente ? pode ser apenas um jeito de se pensar... seja como for, podemos estar certos de que não haverá futuro algum se não começarmos a pensar e discutir um outro caminho aqui e agora no presente.
12 dezembro 2005
tudo mudará
05/09/2005
“Não haverá mais sonho. Preciso botar o pé no chão.”
“Mas creio que há possibilidade de uma coalizão de centro-esquerda, capaz de negociar com a direita sem compra-la.”
Fernando Gabeira
( entrevista à “Folha de São Paulo”, 04/06/2005 )
Houve certa vez, num passado nem tão distante, embora mais e mais remoto, uma geração capaz de ousar tomar os céus de assalto.
Hoje na discreta mansidão do envelhecimento, seus mais típicos representantes tem os pescoços amarrados por gravatas floridas, crendo na obra e graça da sedutora estamparia para se transformarem em algo diverso daquilo a que se deixaram converter: meros senhores engravatados.
Alardeiam como prova cabal de suposta sabedoria, vinda de um amadurecimento tardio, a conclusão de não mais haver sonhos, a não ser fincar os pés no que tomam como a realidade.
Fazem-se esquecidos de ser o sonho a matriz geradora do real, e se negam a admitir que sua capitulação decorre de não terem aprendido como sonhar o bastante.
Foram contemporâneos de uma classe operária desembarcada do “pau-de-arara” em São Paulo já com a intenção de chegar ao paraíso.
De uma longa trajetória de lutas, emergiu o líder sindical que enfim subiu o planalto, alçando pela primeira vez um trabalhador à Presidência da República.
Num intrincado jogo de espelhos, virando tudo pelo avesso do avesso do avesso, homem e personagem se confundem no labirinto.
De tanto fingir o que é, o homem acabou por se tornar aquilo que fingia, mas que de fato era.
A mais completa impostura na sincera mentira de representar a verdade.
Conduzido nos ombros da plebe ao palácio com a missão de mudar o Brasil, o presidente filho do povo operou o maior estelionato eleitoral da história do país.
Entretanto, a força que o elegeu não protagoniza traições e numa cambalhota para o impossível realiza o sonho, cumprindo a promessa de campanha, mesmo que pelo mais torto dos caminhos.
A nação não mais será a mesma após o Governo Lula.
Apesar dele, tudo mudou. Tudo mudará.
Enquanto isto, intelectuais silenciosos, guerrilheiros arrependidos e militantes perplexos teimam em tirar dos fatos apenas as lições que lhes são convenientes.
Caído o muro dos paraísos, não enxergam a rota aberta para a utopia. Da crítica ao elogio da ignorância se curvam reverentes a uma cultura obscurantista. Na formação das raízes profundas de um Brasil de corrupção e miséria, não identificam que nunca fomos propriamente uma nação, e sim uma empresa voltada para fora e controlada de fora.
E apesar do repetido fracasso retumbante da esquerda, insistem na ilusão de uma santa aliança capaz de conciliar interesses antagônicos. A mãe de todos os enganos. Negócios sem implicar em compra e venda. Especialmente com a direita, que não entrega o que se comprou – apoio – e quer receber o que jamais deveria ser vendido: a alma.
A cada vez que os conformados se rendem aos escombros do velho, deles se ergue um novo ciclo, aprisionando no passado todos aqueles que não aceitarem ainda mais uma vez construir o rumo do futuro.
11 dezembro 2005
10 dezembro 2005
isso é o que nós somos, companheiro
02/07/2005
( sobre “Flores, flores para los muertos”
de Fernando Gabeira,
publicado na “Folha de São Paulo” em 18/06/2005 )
frases esparsas num bloco de notas
pétalas caindo numa cova vazia
não falem de flores
deixem que os mortos enterrem seus mortos
não se entrega não
só se entrega prá morte de arma na mão
infâmia maior
que a grande ditadura torturando a carne
é a cotidiana corrupção de cada alma
pelos diminutos minúsculos tiranos
isso é o que nós somos
mais que corações e mentes
isso é o que nos tornamos
anos de chumbo
ditadura de burgueses do capital alheio
pacto entre os bancos e as favelas
aliança da casa grande com as senzalas
cercados pelo deserto do real
sonhos roubados convertidos em pesadelo
esperança em medo
haverá um futuro ?
o futuro precisa de nós ?
maior é Deus
pequeno sou eu
na roda da história
grande e pequeno sou eu
não tivemos a sorte de escapar
dos tempos sem sol
e da onda de lama que agora submerge
os cínicos e os servis
o que somos
dor
insuportável peso tão leve do ser
o que nos falta
como superar a dor
cálice cheio até a boca
transbordando
isso é que nós somos
isso é a nossa dor
não a afastemos
não nos afastemos dela
carecemos da compreensão que nada nos falta
somos um excesso
uma alucinação extraordinariamente nítida
que vivemos todos em comum com a fúria das almas
isso é o que nós somos
a chance de optar
entre o que eu quero
e o que a vida quer de mim
no fundo do poço
sobrevivendo ao patético momento
triste destino
sindicalistas e investidores unidos
na tragédia histórica de transformar em farsa
o que foi escrito com sangue nas estrelas
tudo o que era sólido derreteu-se no ar
o rei morreu
morram todos os reis
a arte do possível
seja a criação do impossível
como uma das possibilidades
após o fim de tudo
fantasmas rondam o Brasil
anfitriões da utopia
anunciam nada mais a se perder
senão as correntes que aprisionam
um mundo a ganhar
isso é o que nós somos
o fim
e o começo
dos escombros do velho
novamente se ergue o clamor por mudança
o que fazer
tudo é incerto
nada é inteiro
isso é o que nós somos
nevoeiro
a hora é agora
aqui nasce o futuro
precisará o futuro de nós ?
saberemos dissipar a ilusão de uma manhã gloriosa
quando enfim retornará um rei que nunca tivemos ?
saberemos que nossos sonhos são nossas armas
e só sucumbimos quando não sonhamos o bastante ?
saberemos reconhecer a falência de todos os modelos
e que só haverá um futuro
se somos capazes de continuamente reinventá-lo ?
isso é o que nós somos
país do futuro cumprindo a profecia do passado mítico
a encruzilhada do presente nos devorando com o enigma a decifrar :
quem somos ?
isso é o que nós somos, companheiro
Flores, flores para los muertos
Fernando Gabeira
18/06/2005
Sempre que os fatos ganham velocidade, costumo comprar um bloco de notas. Anoto frases, idéias, intuições e deixo que se decantem com o tempo. Volto a elas, depois, para rejeitá-las ou desenvolvê-las. A primeira frase que me veio à cabeça foi a da vendedora de flores que encerra um filme.
O pequeno bloco também tem idéias. Por exemplo: comparar a ditadura com o governo Lula. Uma neutralizou o Congresso pelo medo; o outro, pelo pagamento de mesada. Ditadura e governo Lula compartilham o mesmo desprezo pela democracia, ambos violentaram a democracia reduzindo o Parlamento a uma ruína moral.
Os militares prepararam sua saída de forma organizada. Nem muito devagar para não parecer provocação nem muito rápido para não parecer que estavam com medo. Já o núcleo duro do governo Lula parece perdido, batendo cabeça, ou melhor, enfiando-a na areia, sem perceber que a polícia está chegando e, daqui a pouco, alguém vai gritar na porta do Planalto: "Se entrega, Corisco".
Quando era menino e vivia em Juiz de Fora, fazíamos rodas de capoeira, bastante rudimentares, confesso. Mas cantávamos: "A polícia vem, que vem brava/quem não tem canoa, cai n'água"
Tudo isso jorra aos borbotões na minha caderneta. Anotei: chamar alguém do "Guinness", o livro dos recordes, para saber se algum tesoureiro de qualquer partido do mundo se desloca com batedores de motocicleta e carros clones para iludir perseguidores; se algum tesoureiro partidário se desloca com jatos particulares, semanalmente; se introduz no palácio associação de empreiteiros que receberam R$ 1,1 bilhão de dívidas.
Os militares batiam, davam choques e insultavam na sessão de tortura, mas vi muitos dizendo que me respeitavam porque deixei um bom emprego para combatê-los com risco de vida. Eles viam ideais no meu corpo arrasado pelo tiro e pela cadeia.
O PT queria que eu abrisse mão exatamente da minha alma, e me tornasse um deputado obediente, votando tudo o que o Professor Luizinho nos mandava votar. Os militares jamais pediriam isso. Desde o princípio, disseram que eu era irrecuperável e limitaram-se à tortura de rotina.
Jamais imaginei que seria grato aos torturadores por não me pedirem a alma. Não sabia que dias tão cinzentos ainda viriam pela frente. Que seria liderado por um homem que achava que Maurício de Nassau era um deputado de Pernambuco. Logo eu, que sou admirador de um deputado pernambucano chamado Joaquim Nabuco.
Foram os anos mais duros de minha vida. No meu caderno anoto frases e indicações da semelhanças da luta contra a ditadura e da luta contra este governo, desde que comecei a criticá-lo, com a importação de pneus usados. As pessoas têm suas carreiras, seus empregos, sua racionalizações. É preciso respeitá-las, atravessar o deserto sem ressentimentos.
Agora, sobretudo, é preciso respeitar o sofrimento dos vencidos. Outro dia, quando me referi a um núcleo na Casa Civil como um bando de ladrões que atentava contra a democracia, uma jovem deputada do PT estremeceu. Senti que não estava ainda preparada para essas palavras cruas. E fui percebendo pelas anotações que talvez esteja aí, para o escritor, o mais rico manancial de toda essa crise. Como estão as pessoas do PT? Como se ajustam a essa nova realidade, que destino tomaram na vida?
Procuro não confundir, entre os que ainda defendem o governo, aqueles que são cínicos cúmplices e os outros que apenas obedeceram a ordens sob a forma da aplicação do centralismo democrático. Alguns defendem porque ainda não conseguiram negociar com sua própria dor. Não podem suportá-la de frente. Mas terão de fazer algum dia, porque, por mais ingênuos que sejam, já perceberam que a mãe está no telhado.
Vamos ter de encarar juntos essa realidade. A grande experiência eleitoral da esquerda latino-americana, admirada por uma Europa desiludida com Cuba e Nicarágua, a grande novidade que verteu tintas, atraiu sábios, produziu livros e seminários, vai acabar na delegacia como um triste fato policial de roubo do dinheiro público e suborno de parlamentares.
Só os que se arriscarem a ir até o fundo dessa abjeção, compreendê-la em todos os seus detalhes mórbidos, têm chances de submergir para continuar o processo histórico. Por incrível que pareça, o Brasil continua, e a vontade de mudar é mais urgente do que em 2002. Por isso proponho agora um curto e eficaz trabalho de luto.
Anotação final: começa o espetáculo da CPI, secretárias e suas agendas, ex-mulheres e suas mágoas, arapongas, tesoureiros e seus charutos, vossa excelência para cá, vossa excelência para lá, sigilos bancários, telefônicos, emocionais.
Viu, Duda, que cenas finais melancólicas quando um mercador tenta aplicar à complexidade da política a singeleza do vendedor de sabonetes?
09 dezembro 2005
anti-corvos
03/12/2004
“Os que estão torcendo pelo fracasso do meu governo terão que pedir desculpas, não para mim, mas para o povo brasileiro”.
Lula - 03/12/2004
numa lúgubre noite de tempestade, quando em seu palácio se desfazia de antigas laudas de uma doutrina abandonada, um homem escuta uma suave batida à sua janela.
ao atender ao chamado do que havia de ser apenas uma visita tardia e nada mais, entram em vôo lento e solene vários corvos, tão feios e escuros como emigrados das trevas infernais.
atônito fica o homem, estremecendo a cada uma das inesperadas palavras, tão exatas e cabidas, proferidas em tom ousado pelas aves agourentas:
“não é este quem confessou fazer na oposição apenas bravatas porque nada mesmo podia então executar ?”
e diz o homem: “nunca mais”.
na alma do homem cravando um olhar implacável, sem pausa nem fadiga, como profetas e demônios exclamam os corvos com horror profundo:
“não é este quem rogou a Deus que, se fosse para repetir seu antecessor, antes lhe fosse tirada a própria vida ?”
e diz o homem: “nunca mais”.
cheio de ânsia e de medo, sente o homem abrindo seu peito as garras tenazes dos corvos a libertarem a mentira e o segredo:
“não é este quem converteu toda a luminosa esperança de uma inteira nação num repugnante acordo entre financistas e famintos, entre os bancos e os grotões ?”
e diz o homem: “nunca mais”.
com medonha frieza de um demônio a sonhar, o bando de corvos se reúne como um vulto em torno do homem, até dele não restar no chão nem mesmo uma sombra, e no regresso à tormenta, onde lá estão ainda à procura de se há bálsamo no mundo, vão repetindo os corvos seus gritos fatais:
“nunca, nunca mais."
03/12/2004
“Os que estão torcendo pelo fracasso do meu governo terão que pedir desculpas, não para mim, mas para o povo brasileiro”.
Lula - 03/12/2004
numa lúgubre noite de tempestade, quando em seu palácio se desfazia de antigas laudas de uma doutrina abandonada, um homem escuta uma suave batida à sua janela.
ao atender ao chamado do que havia de ser apenas uma visita tardia e nada mais, entram em vôo lento e solene vários corvos, tão feios e escuros como emigrados das trevas infernais.
atônito fica o homem, estremecendo a cada uma das inesperadas palavras, tão exatas e cabidas, proferidas em tom ousado pelas aves agourentas:
“não é este quem confessou fazer na oposição apenas bravatas porque nada mesmo podia então executar ?”
e diz o homem: “nunca mais”.
na alma do homem cravando um olhar implacável, sem pausa nem fadiga, como profetas e demônios exclamam os corvos com horror profundo:
“não é este quem rogou a Deus que, se fosse para repetir seu antecessor, antes lhe fosse tirada a própria vida ?”
e diz o homem: “nunca mais”.
cheio de ânsia e de medo, sente o homem abrindo seu peito as garras tenazes dos corvos a libertarem a mentira e o segredo:
“não é este quem converteu toda a luminosa esperança de uma inteira nação num repugnante acordo entre financistas e famintos, entre os bancos e os grotões ?”
e diz o homem: “nunca mais”.
com medonha frieza de um demônio a sonhar, o bando de corvos se reúne como um vulto em torno do homem, até dele não restar no chão nem mesmo uma sombra, e no regresso à tormenta, onde lá estão ainda à procura de se há bálsamo no mundo, vão repetindo os corvos seus gritos fatais:
“nunca, nunca mais."
08 dezembro 2005
as peças e o torneiro
28/11/2004
( a partir dos filmes “Peões” e “Entreatos” )
para D. Paulo Evaristo Arns, Lula tercerizou o governo em virtude de não estar preparado para o cargo, algo que seus opositores sempre lhe acusaram e cuja pronta refutação nunca deixou de ser feita por membros das comunidades eclesiais de base.
o pobre Lula, coitado, não passa de vítima, na opinião de Carlos Lessa, de uma insidiosa conspiração universal das elites, que o estão enganando ao se aproveitarem de sua bondosa ingenuidade.
outros juram que Lula é apenas um produto do marketing político de Duda Mendonça, criador de uma impostura tão completa que nela até o próprio Lula acabou por acreditar.
sendo inaceitável para alguns que a peãozada não se resigne ordeira e pacificamente a permanecer em seu lugar, consideram Lula como um deslumbrado penetra se encachaçando com o poder, e estão ansiosos por dele se livrarem logo na primeira chance.
Frei Beto, após iniciar a polêmica sobre a diferença entre estar no governo e estar no poder, chegou a conclusão que já era mais do que hora de encerrar a questão e sair de cena silenciosamente.
enquanto José Dirceu, tendo reservado para si o papel de eminência parda, se vê cada vez mais relegado a um modesto segundo plano, Palocci sabe do status meramente burocrático do poder que parece de fato exercer.
com certeza Brizola estaria às gargalhadas, lembrando ter avisado como o “Sapo Barbudo” é aquele tipo de esquerda tão estimado pela direita.
análises mais complexas explicam o paradoxo do governo Lula realizar o programa de FHC, demonstrando que o país inteiro, com suas combinações esdrúxulas, é como uma espécie de aberração, onde uma nova classe social, formada de um lado por técnicos e intelectuais doublés de banqueiros e do outro por trabalhadores transformados em operadores de fundos de previdência, domina o conhecimento do “mapa da mina” e tem o controle do acesso aos fundos públicos.
no entreato de frustração e perplexidade, a palavra final, como não deixaria de ser, vem do próprio Lula, ao desferir um soco na mesa garantindo que na política econômica não muda nada, e não terá vez para discutir com ele quem ousar contestá-la.
o fato revela não haver despreparo num homem que, por não aceitar posar de vítima, soube mover os peões no tabuleiro político para alcançar o objetivo a que obstinadamente se determinou.
não se procure por trás dos bastidores, pois nada há a não ser Lula, ele mesmo, puxando os cordéis e redigindo o script, o torneiro mecânico que fabrica as peças da engrenagem. Lula é o “chefe”. Lula é quem manda. Lula é o manipulador.
como confessou com empáfia, Lula jamais sentiu orgulho, e muito menos se identificou, com o macacão de operário, sendo aquele tipo de gente capaz de perder os dedos para manter os anéis.
eleito em nome da mudança que agora sequer admite cogitar, Lula realizou sua ambição pessoal de se tornar presidente porém precisou para isto do voto de milhões de anônimos, muitos deles o vendo como uma última esperança antes de nada mais restar no que se acreditar.
a despeito da manipulação das lideranças, são as massas quem movimentam a máquina, e ao outra vez entrarem em ação, como a quebra de confiança terá sido profunda e definitiva, libertarão da desilusão e da apatia o clamor pela mudança, que retornará mais forte do que nunca na história do Brasil.
28/11/2004
( a partir dos filmes “Peões” e “Entreatos” )
para D. Paulo Evaristo Arns, Lula tercerizou o governo em virtude de não estar preparado para o cargo, algo que seus opositores sempre lhe acusaram e cuja pronta refutação nunca deixou de ser feita por membros das comunidades eclesiais de base.
o pobre Lula, coitado, não passa de vítima, na opinião de Carlos Lessa, de uma insidiosa conspiração universal das elites, que o estão enganando ao se aproveitarem de sua bondosa ingenuidade.
outros juram que Lula é apenas um produto do marketing político de Duda Mendonça, criador de uma impostura tão completa que nela até o próprio Lula acabou por acreditar.
sendo inaceitável para alguns que a peãozada não se resigne ordeira e pacificamente a permanecer em seu lugar, consideram Lula como um deslumbrado penetra se encachaçando com o poder, e estão ansiosos por dele se livrarem logo na primeira chance.
Frei Beto, após iniciar a polêmica sobre a diferença entre estar no governo e estar no poder, chegou a conclusão que já era mais do que hora de encerrar a questão e sair de cena silenciosamente.
enquanto José Dirceu, tendo reservado para si o papel de eminência parda, se vê cada vez mais relegado a um modesto segundo plano, Palocci sabe do status meramente burocrático do poder que parece de fato exercer.
com certeza Brizola estaria às gargalhadas, lembrando ter avisado como o “Sapo Barbudo” é aquele tipo de esquerda tão estimado pela direita.
análises mais complexas explicam o paradoxo do governo Lula realizar o programa de FHC, demonstrando que o país inteiro, com suas combinações esdrúxulas, é como uma espécie de aberração, onde uma nova classe social, formada de um lado por técnicos e intelectuais doublés de banqueiros e do outro por trabalhadores transformados em operadores de fundos de previdência, domina o conhecimento do “mapa da mina” e tem o controle do acesso aos fundos públicos.
no entreato de frustração e perplexidade, a palavra final, como não deixaria de ser, vem do próprio Lula, ao desferir um soco na mesa garantindo que na política econômica não muda nada, e não terá vez para discutir com ele quem ousar contestá-la.
o fato revela não haver despreparo num homem que, por não aceitar posar de vítima, soube mover os peões no tabuleiro político para alcançar o objetivo a que obstinadamente se determinou.
não se procure por trás dos bastidores, pois nada há a não ser Lula, ele mesmo, puxando os cordéis e redigindo o script, o torneiro mecânico que fabrica as peças da engrenagem. Lula é o “chefe”. Lula é quem manda. Lula é o manipulador.
como confessou com empáfia, Lula jamais sentiu orgulho, e muito menos se identificou, com o macacão de operário, sendo aquele tipo de gente capaz de perder os dedos para manter os anéis.
eleito em nome da mudança que agora sequer admite cogitar, Lula realizou sua ambição pessoal de se tornar presidente porém precisou para isto do voto de milhões de anônimos, muitos deles o vendo como uma última esperança antes de nada mais restar no que se acreditar.
a despeito da manipulação das lideranças, são as massas quem movimentam a máquina, e ao outra vez entrarem em ação, como a quebra de confiança terá sido profunda e definitiva, libertarão da desilusão e da apatia o clamor pela mudança, que retornará mais forte do que nunca na história do Brasil.
07 dezembro 2005
Av. Chile, Rio de Janeiro – 15/08/2003 13:00 h
Chico Alencar,
Ontem, sexta-feira 15/08/2003, estive contigo na Av. Chile, por volta das 13:00 h. Você estava num carro ( com adesivos do bondinho de Santa Teresa e a estrela do PT ) e eu num táxi.
Tive a oportunidade de expressar a minha profunda decepção com a sua participação ( e a do Lindberg Farias ) na votação da "Reforma" da Previdência.
Você insistia em justificar a sua "ABSTENÇÃO", enquanto eu tentava lhe fazer, mais do que compreender, e sim sentir que não há justificativa.
Esta não é uma questão "técnica", de regimentos partidários, ou seja lá qual burocracia legal. O que está em cima da mesa são 23 anos de sonho e de luta para começar a conduzir o Brasil ao destino negado aos Brasileiros por mais de 500 anos.
Lula e o PT se converteram em traidores deste sonho e desta luta.
Lamentavelmente, e muito lamentavelmente mesmo, tornaram-se uma espécie de "último cartucho" do neoliberalismo no Brasil. Quando muito, como todo fracassado governo de Esquerda, apenas aplainam o caminho para o retorno retumbante da Direita.
Hoje, sábado 16/08/2003, tomo conhecimento que na manifestação da Rua S. José você insistiu na justificação do injustificável, enquanto os manifestantes expressavam decepção e o sentimento de terem sido traídos.
Chico, não sou funcionário público, não sou aposentado. Sou apenas um Brasileiro que acredita que o Brasil tem um grande destino, e por isto mesmo tem sido tão sabotado por toda a história.
Sou apenas um Brasileiro que acredita que nada é por acaso e que nada se constrói sem grandeza.
E, talvez a maior de todas, é a grandeza de reconhecer os próprios erros. E aproveitar os encontros fortuitos para se antecipar as conseqüências inevitáveis, e muitas vezes irreparáveis, da perda de nossa conexão com aqueles, e com aquilo, a que nos propomos servir.
Chico, ainda estão rolando os dados. O tempo não para. Suas justificativas não correspondem aos fatos, o futuro está repetindo o passado, a piscina se encheu de ratos e o Brasil é um museu de grandes novidades: o país inteiro transformado num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro.
Nesta noite, tive um sonho. Um grande Deputado do PT, um dos mais queridos, ao chegar numa manifestação no centro do Rio de Janeiro – esta nossa tão bela e maltratada cidade – ainda remoía um encontro que tivera no trânsito da Av. Chile.
Naquele encontro se antecipara o que ocorreria na manifestação para onde o Deputado se dirigia. Assim como o desconhecido não estava disposto a aceitar justificativas sobre o injustificável, as pessoas na manifestação agiriam da mesma forma.
E o Deputado soube então, no sonho que eu tive esta noite, que não tinha opção. Subiu no carro de som, e teve a GRANDEZA de reconhecer publicamente seu erro. E foi capaz de colocar novamente a História do Brasil em movimento...
"Grande Pátria desimportante, em nenhum instante eu vou te trair. Não, não vou te trair".
Chico Alencar,
Ontem, sexta-feira 15/08/2003, estive contigo na Av. Chile, por volta das 13:00 h. Você estava num carro ( com adesivos do bondinho de Santa Teresa e a estrela do PT ) e eu num táxi.
Tive a oportunidade de expressar a minha profunda decepção com a sua participação ( e a do Lindberg Farias ) na votação da "Reforma" da Previdência.
Você insistia em justificar a sua "ABSTENÇÃO", enquanto eu tentava lhe fazer, mais do que compreender, e sim sentir que não há justificativa.
Esta não é uma questão "técnica", de regimentos partidários, ou seja lá qual burocracia legal. O que está em cima da mesa são 23 anos de sonho e de luta para começar a conduzir o Brasil ao destino negado aos Brasileiros por mais de 500 anos.
Lula e o PT se converteram em traidores deste sonho e desta luta.
Lamentavelmente, e muito lamentavelmente mesmo, tornaram-se uma espécie de "último cartucho" do neoliberalismo no Brasil. Quando muito, como todo fracassado governo de Esquerda, apenas aplainam o caminho para o retorno retumbante da Direita.
Hoje, sábado 16/08/2003, tomo conhecimento que na manifestação da Rua S. José você insistiu na justificação do injustificável, enquanto os manifestantes expressavam decepção e o sentimento de terem sido traídos.
Chico, não sou funcionário público, não sou aposentado. Sou apenas um Brasileiro que acredita que o Brasil tem um grande destino, e por isto mesmo tem sido tão sabotado por toda a história.
Sou apenas um Brasileiro que acredita que nada é por acaso e que nada se constrói sem grandeza.
E, talvez a maior de todas, é a grandeza de reconhecer os próprios erros. E aproveitar os encontros fortuitos para se antecipar as conseqüências inevitáveis, e muitas vezes irreparáveis, da perda de nossa conexão com aqueles, e com aquilo, a que nos propomos servir.
Chico, ainda estão rolando os dados. O tempo não para. Suas justificativas não correspondem aos fatos, o futuro está repetindo o passado, a piscina se encheu de ratos e o Brasil é um museu de grandes novidades: o país inteiro transformado num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro.
Nesta noite, tive um sonho. Um grande Deputado do PT, um dos mais queridos, ao chegar numa manifestação no centro do Rio de Janeiro – esta nossa tão bela e maltratada cidade – ainda remoía um encontro que tivera no trânsito da Av. Chile.
Naquele encontro se antecipara o que ocorreria na manifestação para onde o Deputado se dirigia. Assim como o desconhecido não estava disposto a aceitar justificativas sobre o injustificável, as pessoas na manifestação agiriam da mesma forma.
E o Deputado soube então, no sonho que eu tive esta noite, que não tinha opção. Subiu no carro de som, e teve a GRANDEZA de reconhecer publicamente seu erro. E foi capaz de colocar novamente a História do Brasil em movimento...
"Grande Pátria desimportante, em nenhum instante eu vou te trair. Não, não vou te trair".
06 dezembro 2005
o "nosso" governo
05/10/2003
( sobre "Declaração de Voto", de Wladimir Pomar )
a medida em que, lamentavelmente, o Governo Lula se afirma, em sua prática, como o 3º mandato de FHC, vão se reduzindo as justificativas da parcela da Esquerda que ainda teima em defendê-lo.
então, chegamos ao argumento definitivo : "mesmo que fosse contra todas as políticas do Governo Lula, ainda assim seria a favor dele."
mais do que esquizofrenia política, tal linha de raciocínio se constitui num grave problema de ética. Não importa que o "nosso" governo tenha uma prática contrária aos "nossos" interesses, ainda assim é o "nosso" governo e cabe a "nós" defendê-lo a todo custo até o último instante.
do mesmo modo que a elite dominante Brasileira nunca teve um projeto para o país, e sim para si própria, o Governo Lula sofre do mesmo mal.
por isto é um erro falar em tática e estratégia, no sentido amplo, em relação a um governo cujo foco é a manutenção de sua condição de governabilidade, de forma a assegurar que seus membros permaneçam na estrutura de poder.
e nisto não há novidade alguma. Posto que a corrente dominante dentro do Governo Lula tem feito exato o mesmo no âmbito interno do PT, colocando não só o partido, como até o movimento social, a serviço de sua hegemonia.
assim sendo, considerar como "concessões táticas" a capitulação voluntária do Governo Lula ao neoliberalismo é não compreender o que há de mais específico na natureza deste governo: sua completa falta de pudor em lançar mão de qualquer meio que viabilize sua continuidade enquanto governo.
resta saber se os 52 trabalhadores rurais assassinados durante o Governo Lula, até o momento, também devem ser computados no rol das "concessões".
seja como for, fazer concessões com a vida alheia, assim como com o destino de uma nação inteira, não é apenas um tanto conveniente como absolutamente repugnante.
a esperança dos milhões de eleitores de Lula rapidamente está se convertendo em frustração, nojo e revolta. Em vez de exaurimos nossa melhor energia na defesa do indefensável, é bem mais produtivo começar, desde já, a construir uma alternativa para quando sobrevier o inevitável.
uma derrota do Governo Lula não implica necessariamente no fracasso daquilo que o tornou possível, e que, em hipóteses alguma, a ele está limitado.
temos um mundo a ganhar. Cabe a nós não por tudo a perder.
05 dezembro 2005
dormindo com o inimigo
25/08/2003
( sobre "O Inimigo Principal", de Wladimir Pomar )
Há um fenômeno que parece recorrente na história da esquerda brasileira: parte das próprias forças se transforma em forças inimigas, principalmente em função de interesses escusos.
Lendo boa parte da produção recente de textos e cartas de intelectuais e ativistas da esquerda, em geral petistas, nota-se a fanática insistência com que eles defendem o PT e Lula, não só devido a um certo masoquismo da esquerda, como por sua atávica incapacidade de assumir prontamente os próprios erros.
No esforço de demonstrar o acerto dessa atitude, recorrem até a Marx e Lênin. Infelizmente, no caso de Lênin, omitem que seus equívocos políticos e econômicos foram o ovo da serpente do Gulag soviético. Não é sem motivo que, em seu tempo, ele foi chamado de traidor por fazer a paz com a Alemanha, contra os que pretendiam dar amplitude mundial à revolução. Não dizem também que ele esmagou impiedosamente a insurreição dos "companheiros" anarquistas, enquanto apelou ao apoio de setores da burguesia russa e internacional para levar adiante a Nova Política Econômica - NEP, um enorme recuo estratégico (não só tático) em relação aos objetivos que a revolução tinha se proposto.
Para completar, também não se deve esquecer que Lênin sofreu um atentado realizado pelos "socialistas revolucionários", e não pela direita russa, que o considerava como "parceiro confiável".
Nesse sentido, a história puniu exemplarmente Lênin, e não apenas em relação aos seus recuos estratégicos e táticos, entre 1918 e 1921. Jamais a Rússia se tornou socialista, convertendo-se num repulsivo regime autoritário que findou caindo de podre, resultando em desmoralização a nível mundial das "bandeiras da esquerda".
Assim, um dos aspectos universais dessa experiência consiste em que é um erro não reconhecer quando parte das próprias forças se torna inimiga, sob o argumento de se tratar meramente de discrepâncias em torno da tática, ou mesmo de recuos estratégicos relacionados com a correlação real de forças. Toda vez que isso ocorreu, a esquerda foi derrotada. Talvez seja útil refletir sobre tudo isso toda vez que um passional apoio ao governo Lula ofusque o raciocínio e impeça de considerá-lo como inimigo.
"Se o petismo não estiver minimamente preparado para isto [ a retomada do movimento social ], poderá ocorrer com ele o mesmo que ocorreu com a velha esquerda e seus dogmas na segunda metade dos anos 70, atropelada tanto pela reciclagem da ditadura de classe da burguesia como pelo novo sindicalismo e pelo novo movimento popular que se fundiram na criação do PT. Em vez de disputar a hegemonia com vantagem para chegar ao poder, terá que correr atrás do prejuízo para não ser varrido ou ananicado, como o velho partidão comunista."
"Um mundo a ganhar"
Wladimir Pomar
O inimigo principal
Wladimir Pomar
Há um fenômeno que parece recorrente na história da esquerda brasileira: transformar parte das próprias forças em forças inimigas, principalmente em função de divergências táticas. Lendo boa parte da produção recente de textos e cartas de intelectuais e ativistas da esquerda, em geral petistas, nota-se a rapidez com que eles tomam o PT e Lula como inimigos principais e alvos, não só de suas frustrações, mas de sua ira. Em grande parte dos casos já não se trata de discordâncias pontuais, mas da oposição entre "nós" e "eles".
No esforço de demonstrar o acerto dessa atitude, recorrem até a Marx e Lênin. Infelizmente, no caso de Lênin, muitos se esquecem que ele venceu uma revolução, não uma eleição. Omitem que, em seu tempo, ele foi chamado de traidor por fazer a paz com a Alemanha, contra os que pretendiam dar amplitude mundial à revolução. Não dizem que ele se viu obrigado a esmagar a insurreição dos "companheiros" anarquistas, que o tomaram como inimigo. Nem que teve de apelar, logo após o esgotamento do "comunismo de guerra", ao apoio de setores da burguesia russa e internacional para levar adiante a Nova Política Econômica - NEP, um enorme recuo estratégico (não só tático) em relação aos objetivos que a revolução tinha se proposto.
Para completar, também não se deve esquecer que Lênin morreu prematuramente em conseqüência dos ferimentos de um atentado realizado não pela direita russa, mas pelos "socialistas revolucionários", que se consideravam a "verdadeira esquerda". Ou seja, se queremos apelar aos clássicos, é sempre útil, como ensina a história, contextualizar o que eles disseram e medir os resultados práticos, já que a maior parte do que afirmaram ou escreveram somente foi válida para situações históricas particulares.
Nesse sentido, a história deu razão tanto à audácia de Lênin, ao aproveitar a situação revolucionária russa, em 1917, para conquistar o poder, quanto aos seus recuos estratégicos e táticos, entre 1918 e 1921, tendo em vista a situação real da Rússia e a correlação de forças internacionais. E aqueles que o tomaram como inimigo principal somente conseguiram aumentar as dificuldades com que se defrontava o novo poder.
Assim, um dos aspectos universais dessa experiência consiste em que é um erro tomar como inimigos parte das próprias forças e os amigos e aliados, em virtude de discrepâncias em torno da tática, ou mesmo de certos recuos estratégicos relacionados com a correlação real de forças. Toda vez que isso ocorreu, os verdadeiros inimigos principais é que se aproveitaram para derrotar a esquerda. Talvez seja útil refletir sobre tudo isso toda vez que nossa discordância com o governo Lula acender a tentação de considerá-lo como inimigo.
04 dezembro 2005
no altar dos sacrifícios
26/04/2003
"As reformas vão exigir sacrifícios. Alguém vai perder? Vai. Alguém vai pagar? Vai. Mas é assim na vida. Se Jesus Cristo precisou ser crucificado para salvar a Humanidade, por que é que cada um de nós não coloca um pouco do seu sacrifício para salvar esse Brasil que tanto precisa de nós?"
Lula – 23/04/2003
"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas [mammon]"
Mateus 6:24
a taxa de desemprego evoluiu de 10,5% em 12/2002 para 12,1% em 03/2003, enquanto o rendimento médio real das pessoas empregadas, que era de R$ 901,64 em 02/2002, situou-se em R$ 857,44 em 02/2003.
por outro lado, durante os primeiros três meses do Governo Lula, as despesas referentes a lucros, dividendos e juros remetidos para o exterior alcançaram US$ 4,38 bilhões.
assim é na vida do Brasileiro, e Lula ainda coloca mais sacrifícios nos ombros dos trabalhadores, enquanto salva os interesses do capital especulativo.
a palavra "mammom", que em Aramaico significa "riqueza", foi utilizada por Cristo para designar a divindade adorada pelos fariseus, os hipócritas que exploram o povo e depois fazem longas orações.
para Cristo, os fariseus eram como serpentes, uma raça de víboras, semelhantes a sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro só tem ossos e imundície, exibem-se como justos e estão cheios de iniquidade.
Jesus jamais contemporizou com os vendilhões e expulsou todos os que faziam do Templo um covil de salteadores.
não se pode servir a dois senhores, e Lula já escolheu quem vai perder e vai pagar, sendo este o motivo dos aplausos que tem recebido dos representantes do capital especulativo, nacional e internacional.
na medida em que a maior liderança que a classe trabalhadora Brasileira já produziu é quem conduz o povo ao altar dos sacrifícios, é preciso começar a indagar:
"quantas foram as moedas de prata ?"
03 dezembro 2005
uma opção de compromisso
22/04/2002
"Retomar uma trajetória de crescimento estável e sustentável, reduzindo a volatilidade observada da nossa economia, é um dos principais desafios do novo governo. [...] Construir alicerces estáveis para a obtenção desses objetivos é nosso compromisso na gestão do Ministério da Fazenda."
Palocci – 15/04/2003
(discurso para empresários e banqueiros no Brazil Summit 2003, em Nova York)
o modelo econômico assumido por Lula conduz a curto circuito do qual é impossível escapar.
através de uma altíssima taxa de juros, recursos externos são atraídos para o Brasil.
para serem aplicados em nosso mercado, os dólares que entram tem que ser convertidos para reais, criando uma tendência de redução na taxa de câmbio.
com isto a inflação pode cair, o que gera a possibilidade de diminuir os juros.
com o crédito mais barato, se viabiliza o financiamento do crescimento econômico, que é a meta a ser alcançada.
entretanto, a maior parte dos recursos externos é aplicada em investimentos de curto prazo, cujo resgate reverte os efeitos positivos de sua entrada no país.
para retornar às sua origem serão convertidos em dólares, o que eleva a taxa cambial, que por sua vez pressiona a inflação, induzindo o aumento dos juros.
além disto, a redução da taxa de câmbio, em virtude da entrada de dólares, afeta de modo negativo as exportações, aumentando a necessidade de recursos externos, que serão atraídos com elevadíssimas taxas de juros.
seja como for, trata-se de um modelo que nunca consegue trazer a taxa de juros a um patamar que viabilize o crescimento econômico.
por isto seus defensores pregam com tanta veemência que não há outra opção, uma vez que assim fica assegurado o compromisso que assumiram: remuneração alta e sem risco para os investidores externos e transferência de riqueza para o setor financeiro.
22/04/2002
"Retomar uma trajetória de crescimento estável e sustentável, reduzindo a volatilidade observada da nossa economia, é um dos principais desafios do novo governo. [...] Construir alicerces estáveis para a obtenção desses objetivos é nosso compromisso na gestão do Ministério da Fazenda."
Palocci – 15/04/2003
(discurso para empresários e banqueiros no Brazil Summit 2003, em Nova York)
o modelo econômico assumido por Lula conduz a curto circuito do qual é impossível escapar.
através de uma altíssima taxa de juros, recursos externos são atraídos para o Brasil.
para serem aplicados em nosso mercado, os dólares que entram tem que ser convertidos para reais, criando uma tendência de redução na taxa de câmbio.
com isto a inflação pode cair, o que gera a possibilidade de diminuir os juros.
com o crédito mais barato, se viabiliza o financiamento do crescimento econômico, que é a meta a ser alcançada.
entretanto, a maior parte dos recursos externos é aplicada em investimentos de curto prazo, cujo resgate reverte os efeitos positivos de sua entrada no país.
para retornar às sua origem serão convertidos em dólares, o que eleva a taxa cambial, que por sua vez pressiona a inflação, induzindo o aumento dos juros.
além disto, a redução da taxa de câmbio, em virtude da entrada de dólares, afeta de modo negativo as exportações, aumentando a necessidade de recursos externos, que serão atraídos com elevadíssimas taxas de juros.
seja como for, trata-se de um modelo que nunca consegue trazer a taxa de juros a um patamar que viabilize o crescimento econômico.
por isto seus defensores pregam com tanta veemência que não há outra opção, uma vez que assim fica assegurado o compromisso que assumiram: remuneração alta e sem risco para os investidores externos e transferência de riqueza para o setor financeiro.
um Governo de quatro
17/04/2003
"O governo Lula tem uma perna esquerda caminhando para a frente e outra perna direita caminhando para trás, e o resultado disso é que o governo poderá cair de quatro."
Reinaldo Gonçalves – 16/04/2003
( professor da UFRJ e um dos formuladores do programa econômico de Lula nas campanhas de 1989, 1994, 1998 e 2002 )
poucas vezes um governo teve tanta torcida a seu favor.
ainda mais raro é um governo que, ao frustrar as expectativas daqueles que o apóiam, receba tantas contribuições para acertar seu rumo.
apesar disto Lula insiste em abraçar a herança de FHC, considerando os aplausos do FMI e dos banqueiros mais relevantes que os “velhos companheiros” de jornada.
indicadores financeiros, como taxa de câmbio e risco-Brasil, oscilam conforme os interesses conjunturais do Mercado, enquanto base social é algo que exige tempo para se conquistar e consolidar.
ao priorizar as exigências do Mercado em detrimento das demandas de sua base social, Lula age como o típico investidor inexperiente, que após aplicar tudo o que possui, assistirá com perplexidade e impotência seus investimentos virarem pó na primeira reviravolta dos índices.
o Governo Lula só não corre o risco de cair de quatro porque simplesmente já está nesta posição, com tudo levando a crer que não mais se levantará.
o pastor e as ovelhas
14/04/2003
"Para entender a administração Lula devemos partir de duas premissas: não se fez revolução, ganhou-se uma eleição; não se chegou ao poder, mas ao governo."
Frei Betto - 12/04/2003
"... as minhas ovelhas foram entregues à rapina, e as minhas ovelhas vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuraram as minhas ovelhas, pois se apascentaram a si mesmos, e não apascentaram as minhas ovelhas;"
Ezequiel 34:8
os 100 primeiros dias não deixam margem à dúvida: Lula não é poder, nem é governo.
o poder continua sendo exercido pelos que há mais de 500 anos comandam a pilhagem do Brasil, sem que o Governo adote qualquer iniciativa para que isto se modifique.
na mesma medida em que se apascenta com o deslumbramento por ter chegado à Presidência, Lula deixa a sociedade entregue a rapina feroz do Mercado.
não há qualquer entendimento possível para uma administração que não parta da premissa que ganhar as eleições não é o suficiente.
é preciso exercer o poder.
ao abdicar de governar para aqueles que o elegeram, Lula não só jamais chegará ao poder, como sua vitória nas eleições se converterá na derrota do exercício do mandato.
assim como pastores que não procuram suas ovelhas, Lula e sua equipe terminarão cercados pelas "feras do campo".
e não terá sido por falta de avisos...
Lula e os conservadores
12/04/2003
"Todos nós somos muito conservadores. Não é apenas a direita que é conservadora. Do ponto de vista das reformas, a esquerda também é muito conservadora"
Lula – 11/04/2003
"Minha aliança é apenas fruto das circunstâncias, de uma situação política que me viu oposto, em duas eleições, a uma esquerda muito conservadora, inimiga de cada tipo de reforma "
FHC – 20/11/1999
"Para defender seu conservadorismo, o Presidente [FHC] culpa a esquerda"
José Genoíno – 20/11/1999
enquanto recebe aplausos do FMI e dos banqueiros, a única mudança produzida pelo Governo Lula em seus primeiros 100 dias foi tornar-se algo como o terceiro mandato de FHC - o que se confirma até pela coincidência nas declarações.
não há melhor exemplo de conservadorismo hoje no Brasil que o do próprio Governo, equilibrando-se sobre alicerces que não lhe são próprios, a primeira crise derrubará seu castelo de cartas, erigido num esforço tão vão quanto vil.
embora tenha sonhos precoces com a reeleição, Lula teima em não se dar conta que, a seguir no rumo atual, apenas prepara as condições para um retorno da Direita.
então, os autênticos "conservadores" lhe estarão agradecidos, sendo talvez este o motivo principal dos atuais aplausos.
a "conta de chegar" de Delfim Neto
21/03/2003
"Por mais inconformados e tristes que fiquemos, não há como escapar da tragédia aritmética imposta pela igualdade da taxa de juro real interna e externa exigida pela insuperável necessidade de continuar a obter financiamento para manter a economia funcionando. Ela se expressa, aritmeticamente, assim: Taxa de juro interna = Taxa de juro externa + Risco Brasil + Expectativa da desvalorização cambial. A taxa de juro externa é dada (4% ou 5%) e o risco Brasil é hoje da ordem de 11% a 12%."
Delfim Netto - 19/03/2003
as contas externas do Brasil são liquidadas em dólares, que só podem ser obtidos através de exportações, empréstimos ou investimentos externos.
quando o saldo comercial - diferença entre exportações e importações - não é suficiente para fechar as contas externas, incluindo pagamentos de juros e remessas de capitais, é necessário recorrer a empréstimos ou atrair investimentos.
resolver o déficit externo com empréstimos conduz ao seu progressivo agravamento, já que os juros acabam por incidir no próprio déficit, gerando um círculo vicioso.
resultado análogo ocorre com os investimentos externos, porque para aplicar seus recursos os investidores exigem taxas de juros elevadas, posto que seu objetivo é rentabilidade e não o desenvolvimento do país.
desta forma, a economia se subordina aos interesses do capital externo, em grande parte especulativo, e os dólares que entram no país não são investidos na produção, e sim em aplicações financeiras.
a única opção de fato viável é o aumento do superávit comercial.
numa economia dependente do capital externo, a necessidade de remunerar o investimento externo tende a fazer com que a taxa interna de juros (dos títulos do tesouro Brasileiro, em reais) se torne equivalente à taxa externa ( dos títulos do tesouro dos EUA, em dólares) ajustada à mesma moeda e ao mesmo patamar de risco de crédito do emissor.
a taxa interna corresponde à taxa externa mais a expectativa de desvalorização cambial no período e mais o prêmio de risco-país.
o risco-Brasil é calculado pela diferença entre o retorno de um título brasileiro no exterior ( C-Bond, por exemplo ) e um título equivalente do tesouro Norte-Americano.
a desvalorização esperada corresponde à variação entre a taxa cambial à vista e a taxa cambial esperada para daqui a um ano.
a taxa de juros básica da economia Brasileira está fixada hoje em 26,5%, enquanto nos EUA a taxa básica é a Federal Funds, em 1,25%.
tomando a variação cambial sugerida por Delfim Netto ( R$ 3,30 / R$ 3,60 ), a Federal Funds e um risco-Brasil atual de 1.100 pontos, tem-se uma taxa interna de 22,60%, inferior aos atuais 26,50%.
Delfim Netto tira da cartola uma taxa externa de 4% a 5%, fazendo uma "conta de chegar" para justificar a atual taxa interna de juros.
por mais tristes e inconformados que fiquemos, não há como escapar desta tragédia, a não ser rompendo com esta equação que não expressa nenhuma igualdade entre os termos e mantém nossa economia funcionando como exportadora de capitais.
21/03/2003
"Por mais inconformados e tristes que fiquemos, não há como escapar da tragédia aritmética imposta pela igualdade da taxa de juro real interna e externa exigida pela insuperável necessidade de continuar a obter financiamento para manter a economia funcionando. Ela se expressa, aritmeticamente, assim: Taxa de juro interna = Taxa de juro externa + Risco Brasil + Expectativa da desvalorização cambial. A taxa de juro externa é dada (4% ou 5%) e o risco Brasil é hoje da ordem de 11% a 12%."
Delfim Netto - 19/03/2003
as contas externas do Brasil são liquidadas em dólares, que só podem ser obtidos através de exportações, empréstimos ou investimentos externos.
quando o saldo comercial - diferença entre exportações e importações - não é suficiente para fechar as contas externas, incluindo pagamentos de juros e remessas de capitais, é necessário recorrer a empréstimos ou atrair investimentos.
resolver o déficit externo com empréstimos conduz ao seu progressivo agravamento, já que os juros acabam por incidir no próprio déficit, gerando um círculo vicioso.
resultado análogo ocorre com os investimentos externos, porque para aplicar seus recursos os investidores exigem taxas de juros elevadas, posto que seu objetivo é rentabilidade e não o desenvolvimento do país.
desta forma, a economia se subordina aos interesses do capital externo, em grande parte especulativo, e os dólares que entram no país não são investidos na produção, e sim em aplicações financeiras.
a única opção de fato viável é o aumento do superávit comercial.
numa economia dependente do capital externo, a necessidade de remunerar o investimento externo tende a fazer com que a taxa interna de juros (dos títulos do tesouro Brasileiro, em reais) se torne equivalente à taxa externa ( dos títulos do tesouro dos EUA, em dólares) ajustada à mesma moeda e ao mesmo patamar de risco de crédito do emissor.
a taxa interna corresponde à taxa externa mais a expectativa de desvalorização cambial no período e mais o prêmio de risco-país.
o risco-Brasil é calculado pela diferença entre o retorno de um título brasileiro no exterior ( C-Bond, por exemplo ) e um título equivalente do tesouro Norte-Americano.
a desvalorização esperada corresponde à variação entre a taxa cambial à vista e a taxa cambial esperada para daqui a um ano.
a taxa de juros básica da economia Brasileira está fixada hoje em 26,5%, enquanto nos EUA a taxa básica é a Federal Funds, em 1,25%.
tomando a variação cambial sugerida por Delfim Netto ( R$ 3,30 / R$ 3,60 ), a Federal Funds e um risco-Brasil atual de 1.100 pontos, tem-se uma taxa interna de 22,60%, inferior aos atuais 26,50%.
Delfim Netto tira da cartola uma taxa externa de 4% a 5%, fazendo uma "conta de chegar" para justificar a atual taxa interna de juros.
por mais tristes e inconformados que fiquemos, não há como escapar desta tragédia, a não ser rompendo com esta equação que não expressa nenhuma igualdade entre os termos e mantém nossa economia funcionando como exportadora de capitais.
como investidor Lula é um péssimo metalúrgico
18/03/2003
apesar do Brasil ter obtido um superávit comercial recorde de US$16,4 bilhões em 2002, o déficit na conta de transações correntes foi de US$ 7,7 bilhões.
como o superávit comercial é a diferença entre as exportações e importações, este déficit significa que a saída de dólares do país referentes a rendas de capital superou de longe o recorde comercial.
ou seja, os dólares recebidos com as exportações retornaram para o exterior sob a forma de juros pagos pelo Brasil e de lucros remetidos pelas empresas estrangeiras no país.
mesmo assim, Lula coloca toda sua credibilidade numa aposta que sairemos da crise atraindo dólares, que supostamente financiariam nosso crescimento econômico.
para que o Brasil se torne um "Mercado" atraente, a única alternativa é adotar o "estado da arte" da política econômica neoliberal : câmbio flutuante, regime de metas para a inflação, rigorosa política fiscal e, muito naturalmente, plena liberdade para o movimento de capitais.
além disto, são também exigidos elevados superávites primário e comercial, para garantir o pagamento dos juros das Dívidas Interna e Externa.
desta forma nos especializamos em exportar justo aquilo que tanta falta nos faz internamente: capital.
ao manter o Brasil refém deste mecanismo, decidindo colocar sua credibilidade em jogo numa aposta cujo resultado já se conhece desde quando Cabral aqui desembarcou para iniciar a pilhagem, Lula se revela um péssimo investidor, e põe a perder o único capital que dispõe: o respaldo popular.
o "Risco Brasil" de Delfim Neto e Associados
18/03/2003
"Hoje baixem os juros. Alguém acredita que o país vai crescer? Isso aqui é insanável: a taxa de juros interna é igual à taxa de juros externa mais o risco Brasil e mais a expectativa de desvalorização cambial. Se o sujeito não entendeu isso, não entendeu nada."
Delfim Neto – 17/03/2003
entretanto, algo é certo : de matemática financeira Delfim Neto demonstra estar muito mal informado, ou intencionado.
ao colocar o Risco Brasil como determinante da taxa interna de juros, Delfim Neto opera uma conveniente inversão dos termos da equação.
18/03/2003
"Hoje baixem os juros. Alguém acredita que o país vai crescer? Isso aqui é insanável: a taxa de juros interna é igual à taxa de juros externa mais o risco Brasil e mais a expectativa de desvalorização cambial. Se o sujeito não entendeu isso, não entendeu nada."
Delfim Neto – 17/03/2003
talvez Delfim Neto seja um mago da economia, o que seria bastante questionável, já que seu "Milagre Brasileiro", patrocinado pela Ditadura Militar, não desenvolveu o país e tampouco reduziu nossas ancestrais desigualdades sociais.
entretanto, algo é certo : de matemática financeira Delfim Neto demonstra estar muito mal informado, ou intencionado.
ao se tomar a taxa de juros praticado nos EUA ( 1,25% ), a variação cambial esperada ( R$ 3,30 / R$ 3,60 ) e o Risco Brasil atual ( 1.076 pontos ), e aplicando a fórmula indicada por Delfim Neto, chegaremos a um taxa de juros para nosso mercado de 22,34%, ao invés dos atuais 26,5%.
isto sem levar em conta que a J.P.Morgan, responsável pela divulgação do Risco Brasil, seja também, coincidentemente, uma das grandes detentoras de títulos internacionais Brasileiros.
ao colocar o Risco Brasil como determinante da taxa interna de juros, Delfim Neto opera uma conveniente inversão dos termos da equação.
desta forma, um índice de risco - o Risco Brasil - que deve ser aferido a partir da taxa interna de juros, em relação com a taxa externa e a variação cambial, acaba estabelecendo nossos juros internos de acordo com as expectativas dos investidores externos.
o que não deixa de revelar o motivo que impede nossa economia de crescer: a fragilidade nas contas externas e a submissão aos interesses do capital financeiro internacional.
com a taxa externa em 1,25% e uma variação cambial de 9%, qualquer índice acima de 10,45% para os juros internos implica em remuneração certa e sem "risco" para os investidores internacionais.
evidentemente, o Mercado cobra um preço para se "acalmar", exigindo um spread mínimo de 1.076 pontos ( 10,76% ), o que vem a ser o Risco Brasil do J.P.Morgan.
a taxa interna de 26,50% corresponde a um Risco Brasil de 1.453 pontos.
ou seja, apesar dos investidores internacionais considerarem aceitável um spread de 10,76%, o BC prefere atendê-los com 14,53%.
como diria Delfim Neto, o sujeito que não entender isto, não entendeu nada.
a cadeia produtiva desnacionalizada
12/03/2003
a neutralização das armadilhas neoliberais exige que a redução da taxa de juros seja acompanhada por controle do câmbio e pela limitação da saída de capitais, sob pena das condições de governabilidade serem colocadas em risco.
uma outra cilada, tão ou mais perversa que aquelas plantadas no mercado financeiro, situa-se no setor industrial e compromete o crescimento da economia Brasileira.
durante o Governo FHC, parcela significativa da produção intermediária de bens (insumos e matérias-primas) foi substituída por importações.
os produtos industriais Brasileiros tem hoje elevada participação de matérias-primas, insumos e tecnologias estrangeiras.
a indústria nacional de autopeças foi praticamente liquidada, com o número total de firmas caindo de 1.500 em 1990 para 800 em 1998.
a participação estrangeira é de 34% na siderurgia e metalurgia, 74% nas telecomunicações, 90% no setor eletro-eletrônico, 77% no setor de computação, 68% da indústria mecânica, 58% do setor de alimentos, 54% do setor de plásticos e borracha, 74% no setor farmacêutico e 86% no setor de higiene, limpeza e cosméticos.
a indústria de aparelhos de telefonia celular importa mais de 90% dos componentes.
qualquer crescimento da economia acarretará a conseqüente elevação das importações, gerando déficit nas contas externas.
este é um grave problema estrutural.
um cilada que não se pode superar sem que as cadeias produtivas com maior grau de importações tenham aumentado de seu índice de nacionalização.
12/03/2003
a neutralização das armadilhas neoliberais exige que a redução da taxa de juros seja acompanhada por controle do câmbio e pela limitação da saída de capitais, sob pena das condições de governabilidade serem colocadas em risco.
uma outra cilada, tão ou mais perversa que aquelas plantadas no mercado financeiro, situa-se no setor industrial e compromete o crescimento da economia Brasileira.
durante o Governo FHC, parcela significativa da produção intermediária de bens (insumos e matérias-primas) foi substituída por importações.
os produtos industriais Brasileiros tem hoje elevada participação de matérias-primas, insumos e tecnologias estrangeiras.
a indústria nacional de autopeças foi praticamente liquidada, com o número total de firmas caindo de 1.500 em 1990 para 800 em 1998.
a participação estrangeira é de 34% na siderurgia e metalurgia, 74% nas telecomunicações, 90% no setor eletro-eletrônico, 77% no setor de computação, 68% da indústria mecânica, 58% do setor de alimentos, 54% do setor de plásticos e borracha, 74% no setor farmacêutico e 86% no setor de higiene, limpeza e cosméticos.
a indústria de aparelhos de telefonia celular importa mais de 90% dos componentes.
qualquer crescimento da economia acarretará a conseqüente elevação das importações, gerando déficit nas contas externas.
este é um grave problema estrutural.
um cilada que não se pode superar sem que as cadeias produtivas com maior grau de importações tenham aumentado de seu índice de nacionalização.
dólares em fuga
12/03/2003
em nossa economia, refém da volatilidade do mercado financeiro, baixar a taxa de juros provoca fuga dos investimentos externos, causando desvalorização do Real, o que incrementa as dívidas interna e externa e gera aumento da inflação.
o resultado é que a credibilidade do Governo é afetada, surgindo a possibilidade de uma crise política e institucional.
assim, uma das medidas que deve acompanhar a queda das taxas de juros é o controle da saída de capitais.
estima-se que uma quantia equivalente a 60% da dívida externa já foi remetida ao exterior pelas contas CC-5 (depósitos de não residentes).
a partir de 1992, durante o Governo Collor e com Armínio Fraga na área externa do BC, as CC-5 ( Carta Circular nº 5 ) passaram a permitir que qualquer não residente no Brasil, pessoa física ou jurídica, envie para o exterior, sem aviso prévio ao BC, o equivalente em dólares a todos os reais que possua no sistema financeiro do país.
segundo o analista do BC Abrahão Patruni, de apenas uma destas contas já foram remetidos R$ 5 bilhões ao exterior.
a saída de recursos pelas CC-5 em outubro de 2002, quando se realizaram as eleições, chegou a US$ 1,725 bilhão.
as armadilhas montadas pelo Governo neoliberal de FHC se integram num conjunto para garantir a continuidade de um modelo econômico que beneficia o capital financeiro e especulativo.
estas armadilhas somente podem ser neutralizadas através de contra medidas que também se apliquem de forma conjunta e integrada.
12/03/2003
em nossa economia, refém da volatilidade do mercado financeiro, baixar a taxa de juros provoca fuga dos investimentos externos, causando desvalorização do Real, o que incrementa as dívidas interna e externa e gera aumento da inflação.
o resultado é que a credibilidade do Governo é afetada, surgindo a possibilidade de uma crise política e institucional.
assim, uma das medidas que deve acompanhar a queda das taxas de juros é o controle da saída de capitais.
estima-se que uma quantia equivalente a 60% da dívida externa já foi remetida ao exterior pelas contas CC-5 (depósitos de não residentes).
a partir de 1992, durante o Governo Collor e com Armínio Fraga na área externa do BC, as CC-5 ( Carta Circular nº 5 ) passaram a permitir que qualquer não residente no Brasil, pessoa física ou jurídica, envie para o exterior, sem aviso prévio ao BC, o equivalente em dólares a todos os reais que possua no sistema financeiro do país.
segundo o analista do BC Abrahão Patruni, de apenas uma destas contas já foram remetidos R$ 5 bilhões ao exterior.
a saída de recursos pelas CC-5 em outubro de 2002, quando se realizaram as eleições, chegou a US$ 1,725 bilhão.
as armadilhas montadas pelo Governo neoliberal de FHC se integram num conjunto para garantir a continuidade de um modelo econômico que beneficia o capital financeiro e especulativo.
estas armadilhas somente podem ser neutralizadas através de contra medidas que também se apliquem de forma conjunta e integrada.
02 dezembro 2005
o Dólar furado
11/03/2003
embora o Ministro Palocci alegue que não há solução mágica para os crônicos problemas da economia Brasileira, não é outra coisa o que se pretende realizar.
trata-se de uma repetição da velha e fracassada fórmula de financiar um novo ciclo de crescimento com investimentos externos.
a mágica consiste em transformar rentabilidade fácil e sem risco, que é o alimento do investidor internacional, em força propulsora do desenvolvimento, no período colonial os exploradores portugueses vieram ao Brasil para pilhar nossos recursos naturais : Pau Brasil e minerais preciosos.
posteriormente, o modelo agro exportador, baseado na monocultura, no latifúndio e na escravidão, dominou por séculos a economia Brasileira, sempre voltada para atender interesses externos.
durante o século XX, fábricas multinacionais se instalaram no Brasil em virtude da existência de mão de obra farta e barata. a industrialização se construiu a partir de uma aliança entre o capital nacional (burguesia industrial e oligarquia rural subalternizada) e o capital estrangeiro.
assim como é óbvio que o Brasil jamais se desenvolveria sendo uma colônia de exploração, tampouco poderia faze-lo através de uma industrialização dependente do capital externo, baseada em concentração de renda e restritiva ao mercado consumidor interno.
atualmente, o capital financeiro internacional investe em nosso Mercado em busca de juros e adquire empresas nacionais objetivando remeter os lucros para o exterior.
supor que o Brasil se desenvolva a partir destas premissas é como defender que, na época colonial, o modo de enriquecermos seria permitir que Portugal roubasse todo o nosso ouro.
ou julgar ser uma grande vantagem receber salários achatados durante o período de industrialização, porque assim outras empresas multinacionais seriam atraídas, gerando ainda mais empregos de salários achatados.
empréstimos e juros jamais financiarão nosso crescimento, somente nos manterão eternamente na condição de colônia de banqueiros.
a armadilha dos juros
10/03/2003
muito se comenta que a política econômica de FHC deixou diversas armadilhas montadas, constituindo-se num verdadeiro campo minado a ser cuidadosamente atravessado pelo Governo Lula.
entretanto, pouco se deixa claro a respeito. e ainda menos analisadas são as causas e alternativas.
quando a economia de um país está com problemas de crescimento, o que é o caso Brasileiro, o recomendado é o BC baixar as taxas de juros.
com isto, a tendência é investidores externos procurarem rentabilidade em algum outro mercado internacional que ofereça taxas mais atraentes.
como no Brasil não há controle da saída de capitais e o câmbio é flutuante, o resultado é que nossa moeda se deprecia.
na medida em que os investidores externos sacam seus recursos, convertendo Reais em Dólares, a moeda norte-americana se valoriza, o que se reflete tanto na dívida interna quanto na externa.
o pagamento do serviço da dívida em Dólar - os juros - se eleva e se torna ainda mais difícil.
com a desvalorização do Real, as empresas e o próprio Governo enfrentam problemas nos seus balanços.
ocorre uma "crise de confiança" no Mercado, colocando em dúvida a capacidade do Brasil honrar seus compromissos financeiros.
o cenário é de progressiva fuga de investimentos, criando um círculo vicioso.
desta forma, uma medida – a queda na taxa de juros - que provocaria expansão econômica já não mais produz este resultado.
em vez de ser anticíclica, esta política monetária é pró-cíclica, e não redunda em estabilidade econômica.
reduzir os juros como medida isolada, não apenas é insuficiente como implica em cair numa das ciladas preparadas pelo Mercado.
apenas com um conjunto integrado de medidas é possível mudar a política econômica de FHC e superar sua herança maldita.
10/03/2003
muito se comenta que a política econômica de FHC deixou diversas armadilhas montadas, constituindo-se num verdadeiro campo minado a ser cuidadosamente atravessado pelo Governo Lula.
entretanto, pouco se deixa claro a respeito. e ainda menos analisadas são as causas e alternativas.
quando a economia de um país está com problemas de crescimento, o que é o caso Brasileiro, o recomendado é o BC baixar as taxas de juros.
com isto, a tendência é investidores externos procurarem rentabilidade em algum outro mercado internacional que ofereça taxas mais atraentes.
como no Brasil não há controle da saída de capitais e o câmbio é flutuante, o resultado é que nossa moeda se deprecia.
na medida em que os investidores externos sacam seus recursos, convertendo Reais em Dólares, a moeda norte-americana se valoriza, o que se reflete tanto na dívida interna quanto na externa.
o pagamento do serviço da dívida em Dólar - os juros - se eleva e se torna ainda mais difícil.
com a desvalorização do Real, as empresas e o próprio Governo enfrentam problemas nos seus balanços.
ocorre uma "crise de confiança" no Mercado, colocando em dúvida a capacidade do Brasil honrar seus compromissos financeiros.
o cenário é de progressiva fuga de investimentos, criando um círculo vicioso.
desta forma, uma medida – a queda na taxa de juros - que provocaria expansão econômica já não mais produz este resultado.
em vez de ser anticíclica, esta política monetária é pró-cíclica, e não redunda em estabilidade econômica.
reduzir os juros como medida isolada, não apenas é insuficiente como implica em cair numa das ciladas preparadas pelo Mercado.
apenas com um conjunto integrado de medidas é possível mudar a política econômica de FHC e superar sua herança maldita.
o ralo que engole os nossos impostos
10/03/2003
o lucro dos bancos em 2002 foi de R$ 19,135 bilhões, representando num aumento de 62,5% em relação a 2001.
a relação entre lucro e patrimônio líquido também aumentou, passando de 14,4% para 18,5% no período 2001/2002.
já o BC registrou um prejuízo recorde em 2002 e as perdas, que atingiram R$ 17,2 bilhões, serão cobertas pelo Tesouro Nacional, como determina a Lei de Responsabilidade Fiscal.
no 2º semestre de 2002, as operações de hedge cambial ( contratos que garantem ao investidor a variação da taxa de câmbio e ao BC a variação da taxa do CDI ) alcançaram um prejuízo de R$ 14,189 bilhões.
nos oito anos do governo FHC (1995/2002), o BC acumulou um prejuízo de R$ 30,5 bilhões, também arcado pelo Tesouro.
para que se tenha noção da dimensão do que estas quantias representam, basta comparar com o valor de mercado da Petrobrás, que era de R$ 54,3 bilhões em 31/12/2002.
o neoliberalismo prega que o "câncer" que corrói nossa sociedade são as estatais "ineficientes", os funcionários públicos ‘preguiçosos’, o "rombo’ da previdência, os "vagabundos" aposentados, os produtos nacionais de "baixa qualidade", e assim por diante...
enquanto isto, os verdadeiros agentes cancerígenos atuam livremente, a economia é sugada pelos bancos e nossos impostos se convertem em juros de uma dívida que mantém o país como refém.
10/03/2003
o lucro dos bancos em 2002 foi de R$ 19,135 bilhões, representando num aumento de 62,5% em relação a 2001.
a relação entre lucro e patrimônio líquido também aumentou, passando de 14,4% para 18,5% no período 2001/2002.
já o BC registrou um prejuízo recorde em 2002 e as perdas, que atingiram R$ 17,2 bilhões, serão cobertas pelo Tesouro Nacional, como determina a Lei de Responsabilidade Fiscal.
no 2º semestre de 2002, as operações de hedge cambial ( contratos que garantem ao investidor a variação da taxa de câmbio e ao BC a variação da taxa do CDI ) alcançaram um prejuízo de R$ 14,189 bilhões.
nos oito anos do governo FHC (1995/2002), o BC acumulou um prejuízo de R$ 30,5 bilhões, também arcado pelo Tesouro.
para que se tenha noção da dimensão do que estas quantias representam, basta comparar com o valor de mercado da Petrobrás, que era de R$ 54,3 bilhões em 31/12/2002.
o neoliberalismo prega que o "câncer" que corrói nossa sociedade são as estatais "ineficientes", os funcionários públicos ‘preguiçosos’, o "rombo’ da previdência, os "vagabundos" aposentados, os produtos nacionais de "baixa qualidade", e assim por diante...
enquanto isto, os verdadeiros agentes cancerígenos atuam livremente, a economia é sugada pelos bancos e nossos impostos se convertem em juros de uma dívida que mantém o país como refém.
os indicadores da insanidade
"Falar em mudanças da política econômica com os indicadores melhorando seria uma insanidade"
Palocci - 07/03/2003
estudo realizado pelo economista Reinaldo Gonçalves, professor da UFRJ, concluiu que o Governo FHC foi o pior Presidente da História do Brasil.
a variação real do PIB de 2,4% é o 4º pior índice em 100 anos de economia Brasileira.
tanto a relação entre Dívida Mobiliária Federal e o PIB ( 31% ) quanto a proporção entre Dívida Externa e Exportação ( 3,5 vezes ) são recordes negativos.
a participação do capital privado nacional no núcleo central da economia Brasileira caiu de 57,9% em 1994 para 43% em 2001.
a parcela correspondente aos salários na renda reduziu-se de 35,9% em 1993 para 26,5% em 2000.
a participação da despesa com educação no orçamento federal, que era de 3% em 1995, baixou para 2% em 2001.
o percentual correspondente a saúde e saneamento foi de 3,9% em 2001 enquanto era de 4,8% em 1995.
a inflação acumulada entre 1995-2000 foi de 75%, mas o preços dos serviços de assistência média e dos remédios aumentaram 207% e 114%, respectivamente.
a taxa de desemprego aumentou de 6,1% em 1993 para 9,4% em 2001.
a carga tributária foi elevada de 26% em 1993 para 34% em 2002.
estes indicadores são resultado da política econômica neoliberal de FHC.
aquela mesma que foi derrotada nas urnas e que Lula se comprometeu a mudar.
a mesma que o Ministro Palocci afirma que é preciso manter e que seria uma insanidade mudar.
apesar dele próprio ser formado em Medicina, parece razoável que Palocci precisar rapidamente buscar auxílio médico. de preferência, um psiquiatra.
"Falar em mudanças da política econômica com os indicadores melhorando seria uma insanidade"
Palocci - 07/03/2003
estudo realizado pelo economista Reinaldo Gonçalves, professor da UFRJ, concluiu que o Governo FHC foi o pior Presidente da História do Brasil.
a variação real do PIB de 2,4% é o 4º pior índice em 100 anos de economia Brasileira.
tanto a relação entre Dívida Mobiliária Federal e o PIB ( 31% ) quanto a proporção entre Dívida Externa e Exportação ( 3,5 vezes ) são recordes negativos.
a participação do capital privado nacional no núcleo central da economia Brasileira caiu de 57,9% em 1994 para 43% em 2001.
a parcela correspondente aos salários na renda reduziu-se de 35,9% em 1993 para 26,5% em 2000.
a participação da despesa com educação no orçamento federal, que era de 3% em 1995, baixou para 2% em 2001.
o percentual correspondente a saúde e saneamento foi de 3,9% em 2001 enquanto era de 4,8% em 1995.
a inflação acumulada entre 1995-2000 foi de 75%, mas o preços dos serviços de assistência média e dos remédios aumentaram 207% e 114%, respectivamente.
a taxa de desemprego aumentou de 6,1% em 1993 para 9,4% em 2001.
a carga tributária foi elevada de 26% em 1993 para 34% em 2002.
estes indicadores são resultado da política econômica neoliberal de FHC.
aquela mesma que foi derrotada nas urnas e que Lula se comprometeu a mudar.
a mesma que o Ministro Palocci afirma que é preciso manter e que seria uma insanidade mudar.
apesar dele próprio ser formado em Medicina, parece razoável que Palocci precisar rapidamente buscar auxílio médico. de preferência, um psiquiatra.
o que é bom para o CitiBank é bom para o Brasil ?
03/03/2003
"Pode haver críticas. Deixa reclamarem. Mas neste momento, a solução é mesmo aumentar o aperto fiscal e segurar as rédeas. O PT foi muito inteligente aumentando de cara o superávit fiscal. É isso mesmo. E as contas de janeiro foram muito positivas. Isso ajuda a trazer credibilidade. O PT reconhece que não há modelos econômicos alternativos. Ficou claro que o Brasil não pode ir na contramão do mundo. A espinha dorsal hoje é ajuste fiscal, controle da inflação, contas externas equilibradas etc. Não tem mágica".
Alcides Amaral - Ex-presidente do CitiBank no Brasil - 02/03/2003
o Ministro da Fazenda Palocci pode produzir o superávit primário de todos os superávits primários, e seja qual for o "choque de credibilidade" gerado, o Mercado continuará faminto e suas "expectativas" nunca estarão saciadas.
não há como fazer esta mágica...
aliás, não há mágica alguma em economia e muito menos em política.
03/03/2003
"Pode haver críticas. Deixa reclamarem. Mas neste momento, a solução é mesmo aumentar o aperto fiscal e segurar as rédeas. O PT foi muito inteligente aumentando de cara o superávit fiscal. É isso mesmo. E as contas de janeiro foram muito positivas. Isso ajuda a trazer credibilidade. O PT reconhece que não há modelos econômicos alternativos. Ficou claro que o Brasil não pode ir na contramão do mundo. A espinha dorsal hoje é ajuste fiscal, controle da inflação, contas externas equilibradas etc. Não tem mágica".
Alcides Amaral - Ex-presidente do CitiBank no Brasil - 02/03/2003
apesar de ter sido apoiado por uma grande parcela do setor Industrial, são os banqueiros os únicos de fato satisfeitos com os primeiros meses do Governo Lula.
é preciso muita ingenuidade - ou talvez seja o caso de má-fé - para acreditar que a economia Brasileira sairá da crise por obra e graça de um Mercado que se alimenta exatamente daquilo que é causa da crise.
o Ministro da Fazenda Palocci pode produzir o superávit primário de todos os superávits primários, e seja qual for o "choque de credibilidade" gerado, o Mercado continuará faminto e suas "expectativas" nunca estarão saciadas.
a única mágica seria o Mercado trair sua própria natureza e se tornar um propulsor do desenvolvimento, ao invés de se constituir num instrumento de transferência de riquezas para os grandes investidores nacionais e internacionais.
não há como fazer esta mágica...
aliás, não há mágica alguma em economia e muito menos em política.
ou Lula defende os interesses daqueles que o apoiaram, ou sucumbe a voracidade predatória daquilo que tem na taxa de juros a razão de sua existência.
dando nome ao sal
24/02/2003
"O que sentimos falta, isto sim, é de um gesto. Não um grande gesto rebelde mas um pequeno gesto inaugural. Alguém que tenha a singela coragem de apanhar um punhado de sal do chão e começar outra coisa, outra história, e uma que também acabe em independência de uma engrenagem infernal."
L. F. Veríssimo - 09/02/2003
o crescimento médio do rendimento real do trabalhador Brasileiro foi de 3,3%. apesar da taxa média de lucro das 500 maiores empresas Brasileiras ter sido de 4,1%, o que significa concentração de riqueza, tal crescimento foi muito menor que a taxa histórica de 8,3%. entretanto, ao se levar em conta somente os bancos, a taxa média anual de rentabilidade do patrimônio foi de 15,7%. enquanto que a taxa média da rentabilidade anual dos Títulos Públicos chegou a 17,4%.
não há nenhuma turba ensandecida pela febre do consumo, invadindo lojas e shoppings com os bolsos cheios de dinheiro e saindo abarrotada de bens. ao contrário, a miséria se espalha por todos os cantos das favelas em que se transformaram as grandes cidades Brasileiras.
este sal não tem outro nome a não ser : juros ! e o pequeno gesto inaugural do Governo não pode ser outro que trazer a SELIC a um nível compatível com a urgência da retomada do desenvolvimento do país.
"Lulinha Paz e Amor" pretende que sua lua de mel com o Mercado seja eterna enquanto dure o mandato. contudo, o atual Presidente do Brasil sempre será um "Sapo Barbudo" para aqueles que, na primeira oportunidade, não hesitarão em cuspi-lo da garganta onde se encontra incomodamente atravessado.
24/02/2003
"O que sentimos falta, isto sim, é de um gesto. Não um grande gesto rebelde mas um pequeno gesto inaugural. Alguém que tenha a singela coragem de apanhar um punhado de sal do chão e começar outra coisa, outra história, e uma que também acabe em independência de uma engrenagem infernal."
L. F. Veríssimo - 09/02/2003
"Em outras palavras, os petistas, como integrantes do governo Lula, não podem apenas suplicar por sal. Terão, eles também, que sugerir o sal brasileiro que aponte a mudança de rumo. Se não o fizerem, não adianta depois tentar explicar para o povão que não opinaram porque seu projeto era outro."
Wladimir Pomar – 22/02/2003
Wladimir Pomar – 22/02/2003
a eleição de Lula é a vitória de uma aliança dos trabalhadores com uma parcela do que restou do setor Industrial Brasileiro, profundamente desnacionalizado durante a "era FHC".
analisando dados do período entre 1995/2000, fica nítido como o setor Financeiro foi o grande beneficiado. a taxa média anual de crescimento do PIB foi de 2,4%. este índice é o 7º pior desde os tempos do Império. a média histórica do Brasil é de 4,4%.
o crescimento médio do rendimento real do trabalhador Brasileiro foi de 3,3%. apesar da taxa média de lucro das 500 maiores empresas Brasileiras ter sido de 4,1%, o que significa concentração de riqueza, tal crescimento foi muito menor que a taxa histórica de 8,3%. entretanto, ao se levar em conta somente os bancos, a taxa média anual de rentabilidade do patrimônio foi de 15,7%. enquanto que a taxa média da rentabilidade anual dos Títulos Públicos chegou a 17,4%.
apesar disto, Lula insiste na continuidade da política econômica de FHC, como se ela fosse gerar resultados outros que não os já conhecidos e que fazem do Brasil um gigantesco e dócil pagador de juros.
diante de um Governo recém empossado e que em menos de 60 dias aumentou os juros duas vezes, alguns suplicam por um punhado de sal, enquanto outros contrapõe que é preciso sugerir qual sal é este.
qual proposta possível para um Governo formado a partir de uma coalizão entre trabalhadores e burguesia industrial, e que, no entanto, continua a governar para os banqueiros e as transnacionais ?
o que Lula precisa para baixar os juros, se até a FIESP e a CNI defendem esta medida ? qual a utilidade econômica de se aumentar juros para conter uma inflação que é de custos ?
não há nenhuma turba ensandecida pela febre do consumo, invadindo lojas e shoppings com os bolsos cheios de dinheiro e saindo abarrotada de bens. ao contrário, a miséria se espalha por todos os cantos das favelas em que se transformaram as grandes cidades Brasileiras.
este sal não tem outro nome a não ser : juros ! e o pequeno gesto inaugural do Governo não pode ser outro que trazer a SELIC a um nível compatível com a urgência da retomada do desenvolvimento do país.
"Lulinha Paz e Amor" pretende que sua lua de mel com o Mercado seja eterna enquanto dure o mandato. contudo, o atual Presidente do Brasil sempre será um "Sapo Barbudo" para aqueles que, na primeira oportunidade, não hesitarão em cuspi-lo da garganta onde se encontra incomodamente atravessado.
o transe da transição
23/02/2003
a maior parte daqueles que apoiam o Governo Lula se nega a aceitar a realidade deste início de mandato, em que o único aspecto inquestionável é a continuidade da política econômica neoliberal de FHC.
como se estivessem em transe, recusam-se de todas as formas a reconhecer o óbvio : a esperança mais uma vez está sendo derrotada pelo medo, sendo que desta vez, dentro do próprio Governo.
o estado de negação produz raciocínios complexos para se justificar, numa vã tentativa de manter viva a esperança, mesmo que artificialmente.
assim surge a "teoria da transição", segundo a qual em algum momento futuro enfim Lula abraçará os objetivos para o qual foi eleito, abandonando de vez a herança maldita de FHC.
"transição" é estabelecer um rumo e se colocar em marcha em direção a ele. e não andar de costas voltado para o passado, sem ousar encarar um futuro que se tem medo e incompetência para enfrentar.
para existir "transição" é necessário dar o primeiro passo, e não repetir uma trajetória que reconhecidamente nos lançará no caos.
o mais repugnante é que esta "transição" tende a se alongar mais e mais, até o absurdo de exigir sua continuidade num hipotético segundo mandato.
o Governo Lula erra.
e erram ainda mais aqueles que procuram defender o indefensável, ao invés de serem os primeiros a exigir que se cumpra a vontade das urnas.
cada dia perdido no patético transe de uma transição que ainda não se iniciou, implica não somente em desgaste futuro para Lula como no fortalecimento da Direita, que poderá retornar com ferocidade nunca antes vista no Brasil.
Lula tem um mundo a ganhar, mas parece determinado a botar tudo a perder ao se esquivar daquilo que se tornou : um símbolo vivo do desejo de mudança do eleitorado Brasileiro.
23/02/2003
a maior parte daqueles que apoiam o Governo Lula se nega a aceitar a realidade deste início de mandato, em que o único aspecto inquestionável é a continuidade da política econômica neoliberal de FHC.
como se estivessem em transe, recusam-se de todas as formas a reconhecer o óbvio : a esperança mais uma vez está sendo derrotada pelo medo, sendo que desta vez, dentro do próprio Governo.
o estado de negação produz raciocínios complexos para se justificar, numa vã tentativa de manter viva a esperança, mesmo que artificialmente.
assim surge a "teoria da transição", segundo a qual em algum momento futuro enfim Lula abraçará os objetivos para o qual foi eleito, abandonando de vez a herança maldita de FHC.
"transição" é estabelecer um rumo e se colocar em marcha em direção a ele. e não andar de costas voltado para o passado, sem ousar encarar um futuro que se tem medo e incompetência para enfrentar.
para existir "transição" é necessário dar o primeiro passo, e não repetir uma trajetória que reconhecidamente nos lançará no caos.
o mais repugnante é que esta "transição" tende a se alongar mais e mais, até o absurdo de exigir sua continuidade num hipotético segundo mandato.
o Governo Lula erra.
e erram ainda mais aqueles que procuram defender o indefensável, ao invés de serem os primeiros a exigir que se cumpra a vontade das urnas.
cada dia perdido no patético transe de uma transição que ainda não se iniciou, implica não somente em desgaste futuro para Lula como no fortalecimento da Direita, que poderá retornar com ferocidade nunca antes vista no Brasil.
Lula tem um mundo a ganhar, mas parece determinado a botar tudo a perder ao se esquivar daquilo que se tornou : um símbolo vivo do desejo de mudança do eleitorado Brasileiro.
por quem sobe o dólar
20/02/2003
"Se eu tivesse colocado um economista do PT como Presidente do BACEN, o dólar explodiria e iria a R$ 4, R$ 5 "
Lula - 02/2003
apesar de se constituir no personagem principal da economia contemporânea, o "Mercado" permanece como um ser abstrato cujo rosto jamais se conhece.
na fantasia veiculada pelos meios de comunicação o Mercado se "agita" e se "acalma", sempre com muitas "expectativas", e suas altas e baixas são determinadas por fatores subjetivos conforme declarações e notícias.
enquanto isto, a realidade das operação é bem diferente. o Mercado não apenas tem rosto, como apresenta CNPJ, obrigatoriamente, em cada negócio que se efetiva.
além disto, apesar da importância do volume de negócios a curtíssimo prazo com Moeda ( US$ ) e do peso relativo da Bovespa, o cerne do Mercado é composto por aplicações em Títulos Públicos Federais.
assim sendo, o chamado "Mercado" pode ser compreendido como uma negociação com a Dívida Interna, prioritariamente em busca de Taxa de Juros.
o chamado "Mercado" tem nome e CNPJ e assim deve ser tratado. a população tem o direito – e o dever – de saber quem são os credores da Dívida Interna e quem são aqueles que fazem o Dólar subir.
por outro lado, na economia Brasileira, dependente do capital externo que remunera a altíssimas taxas de juros e sem controle da saída de capitais, as crises cambiais são cíclicas e a volatilidade do dólar é sistêmica.
nada mudará este cenário, a não ser uma ruptura com a política econômica que nos trouxe a esta situação.
a monocultura do Mercado
10/02/2003
LFT, LTN, NTN-D e NTN-C são títulos públicos federais, dos quais é composta a maior parte da dívida interna Brasileira.
estes papéis foram modelados para atender a ânsia de rentabilidade dos investidores, seja qual for o cenário.
enquanto a poupança é rentabilizada a conta gotas, os títulos federais oferecem remuneração certa e quase sem risco, em virtude da diversidade de índices a que estão atrelados.
LFT e LTN são indexadas a taxa de juros, sendo a primeira pós fixada e a segunda pré fixada.
desta forma, conforme a expectativa de elevação ou queda dos juros fixados pelo BC, o investidor direciona suas aplicações para o tipo de título que possua afinidade com a tendência do mercado.
se o esperado é a queda dos juros, as LTN pré fixadas são a melhor opção. caso contrário, o indicado são as LFT pós fixadas.
quando a inflação é ascendente, a procura é por NTN-C, que são corrigidas pela variação do IGP-M. como se não bastasse, ainda pagam juros semestrais de 6%.
a correção cambial remunera as NTN-D, também acrescidas de 6% de juros semestrais. estes títulos são usados para se transferir o risco cambial dos empréstimos privados em dólar para o Governo. além disto, sempre há pressão especulativa nos vencimentos de NTN-D o que força a alta do dólar.
não há como perder !
o resultado é que a dívida interna saltou de R$ 85 bilhões em dezembro de 1994 - 16% do PIB - para R$ 666 bilhões em janeiro de 2003, atingindo 52,1% do PIB.
os títulos públicos estão para o mercado assim como a monocultura exportadora está para o latifúndio.
são instrumentos de transferência de riqueza para os grandes investidores, nacionais ou estrangeiros, da mesma forma que algodão, borracha, cana de açúcar e café enriqueceram os latifundiários e as metrópoles estrangeiras.
a culpa é do Lula
02/02/2003
"O país está na breca. Os dados são de possibilidade de quebra imediata do país."
Palocci - 01/02/2003
( em fita gravada no encontro com parlamentares e vazada para a imprensa )
em vez de salamaleques promíscuos com FHC e sua equipe econômica, o Governo Lula deveria efetuar uma auditoria na economia Brasileira.
o estado de iminente falência em que nos encontramos tem que ser anunciado ao país, e não ser tratado como segredo de Estado, já que o último a saber, o cidadão comum, será também o primeiro e maior prejudicado.
o Ministro Palocci age como se fosse preciso esconder do Mercado uma situação que não apenas é de pleno conhecimento dos investidores, como foram estes os únicos que dela se beneficiaram.
o Governo anterior não pode deixar de ser responsabilizado pelo caos a que chegamos, e toda a sociedade deve ser o compromisso com um novo modelo econômico, sob pena de perdermos nossa soberania enquanto Nação.
este é um grande erro do Governo Lula, e que pode trazer consequencias impossíveis de serem corrigidas posteriormente.
na medida em que Lula não expõe duramente o que herdou, cai numa óbvia armadilha.
FHC deixou o país à beira do abismo, mas se o Brasil entrar em colapso a culpa cairá sobre Lula !
02/02/2003
"O país está na breca. Os dados são de possibilidade de quebra imediata do país."
Palocci - 01/02/2003
( em fita gravada no encontro com parlamentares e vazada para a imprensa )
em vez de salamaleques promíscuos com FHC e sua equipe econômica, o Governo Lula deveria efetuar uma auditoria na economia Brasileira.
o estado de iminente falência em que nos encontramos tem que ser anunciado ao país, e não ser tratado como segredo de Estado, já que o último a saber, o cidadão comum, será também o primeiro e maior prejudicado.
o Ministro Palocci age como se fosse preciso esconder do Mercado uma situação que não apenas é de pleno conhecimento dos investidores, como foram estes os únicos que dela se beneficiaram.
o Governo anterior não pode deixar de ser responsabilizado pelo caos a que chegamos, e toda a sociedade deve ser o compromisso com um novo modelo econômico, sob pena de perdermos nossa soberania enquanto Nação.
este é um grande erro do Governo Lula, e que pode trazer consequencias impossíveis de serem corrigidas posteriormente.
na medida em que Lula não expõe duramente o que herdou, cai numa óbvia armadilha.
FHC deixou o país à beira do abismo, mas se o Brasil entrar em colapso a culpa cairá sobre Lula !
enquanto o juros sobre, a estrela desce
22/01/2003
apesar de todo o Mercado trabalhar com a expectativa de manutenção da taxa de juros, o BACEN decidiu ser mais realista do que o Rei Mercado. na sua primeira reunião após a posse de Lula, em 22/01/2003, o Copom aumentou a TMS de 25% para 25,5%.
a opção por manter a política econômica de FHC se confirma, e, antes mesmo que o "Fome Zero" decole, os juros são lançados ainda mais para o alto.
ao separar o aspecto econômico ( Palocci e Meirelles ) do social ( Ministros Sociais do PT histórico ), o Governo Lula pretende fazer do social uma questão apenas orçamentária, ao invés de reconduzi-lo ao seu verdadeiro lugar : o cerne do econômico.
apesar das argumentações que o aumento foi "simbólico", as aplicações no overnight do sistema financeiro junto ao BACEN tem sido em torno de R$ 55 BILHÕES. caso remunerados a 98% da TMS proporcionam um lucro de R$ 48,70 milhões numa única operação num único dia !
nenhum eleitor de Lula poderia fornecer um argumento aceitável para o fato que, após 22 anos se opondo ao modelo econômico, Lula busque num banqueiro internacional, eleito deputado Federal pelo partido adversário, o homem certo para o BACEN.
se o mesmo critério adotado para a escolha de alguns nomes do Ministério fosse aplicado ao próprio Lula, ele sequer poderia ser candidato.
ao justificar seu apoio a Lula, Sarney afirmou que "se o Brasil tem que passar por Lula, então que seja logo". da mesma forma, poderíamos dizer : "se o governo de Lula tem que passar por uma grande crise..."
existem duas opção claras de futuro para o Governo Lula :
a primeira é uma crise precoce e interna, que o reconduza aos objetivos para os quais foi eleito. esta crise fortalecerá o Governo.
a segunda é uma crise postergada e externa. será provocada não apenas pela insatisfação popular, como também a dos próprios setores Industriais que apoiaram Lula. esta crise debilitará o Governo de modo fatal.
Lula afirmou várias vezes que não podia errar. caso isto aconteça, até seus adversários derrotados já admitiram, em público, que não serão eles, nem qualquer outro atual protagonista político, os beneficiados.
se o PT está com medo de ser feliz, terá que pagar o preço.
já se disse que o Povo merecia sofrer, por ter escolhido errado. só que desta vez a escolha foi bem clara...
22/01/2003
apesar de todo o Mercado trabalhar com a expectativa de manutenção da taxa de juros, o BACEN decidiu ser mais realista do que o Rei Mercado. na sua primeira reunião após a posse de Lula, em 22/01/2003, o Copom aumentou a TMS de 25% para 25,5%.
a opção por manter a política econômica de FHC se confirma, e, antes mesmo que o "Fome Zero" decole, os juros são lançados ainda mais para o alto.
ao separar o aspecto econômico ( Palocci e Meirelles ) do social ( Ministros Sociais do PT histórico ), o Governo Lula pretende fazer do social uma questão apenas orçamentária, ao invés de reconduzi-lo ao seu verdadeiro lugar : o cerne do econômico.
apesar das argumentações que o aumento foi "simbólico", as aplicações no overnight do sistema financeiro junto ao BACEN tem sido em torno de R$ 55 BILHÕES. caso remunerados a 98% da TMS proporcionam um lucro de R$ 48,70 milhões numa única operação num único dia !
nenhum eleitor de Lula poderia fornecer um argumento aceitável para o fato que, após 22 anos se opondo ao modelo econômico, Lula busque num banqueiro internacional, eleito deputado Federal pelo partido adversário, o homem certo para o BACEN.
se o mesmo critério adotado para a escolha de alguns nomes do Ministério fosse aplicado ao próprio Lula, ele sequer poderia ser candidato.
ao justificar seu apoio a Lula, Sarney afirmou que "se o Brasil tem que passar por Lula, então que seja logo". da mesma forma, poderíamos dizer : "se o governo de Lula tem que passar por uma grande crise..."
existem duas opção claras de futuro para o Governo Lula :
a primeira é uma crise precoce e interna, que o reconduza aos objetivos para os quais foi eleito. esta crise fortalecerá o Governo.
a segunda é uma crise postergada e externa. será provocada não apenas pela insatisfação popular, como também a dos próprios setores Industriais que apoiaram Lula. esta crise debilitará o Governo de modo fatal.
Lula afirmou várias vezes que não podia errar. caso isto aconteça, até seus adversários derrotados já admitiram, em público, que não serão eles, nem qualquer outro atual protagonista político, os beneficiados.
se o PT está com medo de ser feliz, terá que pagar o preço.
já se disse que o Povo merecia sofrer, por ter escolhido errado. só que desta vez a escolha foi bem clara...
a mudança de todos nós
12/01/2003
não se trata do que “o Lula vai mudar”. ele já mudou ! o simples fato de ser eleito já mudou tudo. mesmo que o Lula não mude nada !
o Brasil jamais será o mesmo. o PT jamais será o mesmo. a política no Brasil jamais será a mesma. o passo foi gigantesco.
o voto foi pela mudança. se o Governo Lula fracassar, por opção ou por imposição, isto não significa que o voto em si estava errado. ao contrário ! Lula pode fracassar, mas isto não trará redenção póstuma a FHC. e muito menos ao modelo sócio econômico que foi rejeitado nas urnas. o clamor pela mudança só aumentará, mesmo que num primeiro momento pareça refluir sob o peso da frustração e do cinismo.
viveremos perigosamente nos próximos tempos.
embora o governo Lula já nasça moribundo, por sua declarada intenção de prosseguir com a política econômica de FHC, tudo o que foi gerado com sua eleição nem sequer começou a engatinhar.
12/01/2003
não se trata do que “o Lula vai mudar”. ele já mudou ! o simples fato de ser eleito já mudou tudo. mesmo que o Lula não mude nada !
o Brasil jamais será o mesmo. o PT jamais será o mesmo. a política no Brasil jamais será a mesma. o passo foi gigantesco.
o voto foi pela mudança. se o Governo Lula fracassar, por opção ou por imposição, isto não significa que o voto em si estava errado. ao contrário ! Lula pode fracassar, mas isto não trará redenção póstuma a FHC. e muito menos ao modelo sócio econômico que foi rejeitado nas urnas. o clamor pela mudança só aumentará, mesmo que num primeiro momento pareça refluir sob o peso da frustração e do cinismo.
viveremos perigosamente nos próximos tempos.
embora o governo Lula já nasça moribundo, por sua declarada intenção de prosseguir com a política econômica de FHC, tudo o que foi gerado com sua eleição nem sequer começou a engatinhar.
01 dezembro 2005
o balão de ensaio e o bode na sala
10/01/2003
"É preciso ter um sistema único, que não faça diferenciação entre servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada. Servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada vão seguir as mesmas regras. Quem quiser ganhar mais terá como opção planos de previdência complementar. "
"O teto do INSS (R$ 1.561,56) é uma boa referência, mas quero discutir valores um pouco maiores. "
Ricardo Berzoini - Ministro da Previdência do Governo Lula
01/2003
"Defensor de uma política de emprego mais ativa e menos assistencial, o novo ministro do Trabalho, Jaques Wagner, 51, é contra a ampliação de cinco para até seis meses do seguro-desemprego e acredita que a melhor forma de acabar com as fraudes envolvendo a multa de 40% sobre o saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), no casos de demissão sem justa causa, seria "não ter esse ônus sobre a demissão".
Folha de SP – 06/01/2003
há uma tendência a se considerar recentes declarações de Ministros do Governo Lula ( Previdência e Trabalho ) como um "balão de ensaio" e "um bode na sala".
a intenção seria aferir a repercussão para se detectar até que ponto os trabalhadores estariam dispostos a ceder. e tb apresentar inicialmente condições muito mais duras que as de fato pretendidas.
seja num ou noutro caso, é um modo bastante viciado de se fazer política. ainda mais vindo de um Governo que se declara favorável a soluções amplamente debatidas, e de quem se esperaria que privilegiasse o Trabalho e não o Capital.
o Governo Lula age como se fosse possível o milagre de se dividir em dois : o governo econômico e o governo social.
durante algum tempo o "balão de ensaio" ainda flutuará embalado pela euforia da vitória. mas logo o mau cheiro do "bode na sala" se espalhará por toda parte.
enquanto FHC prefere ser infeliz em Paris, a visita de Lula ao semi-árido e as palafitas faz a festa para "milhões de miseráveis".
a "Caravana da Fome" está em marcha. com a emoção à flor da pele, veremos belas imagens do Brasil mergulhando para dentro de si mesmo.
contudo, é o perfil das "reformas" a serem implementadas que definirá se o Brasil permanecerá ou não como um dos países mais desiguais do mundo.
"A esquerda atua e fala como se escondesse um plano que não tem."
"Contra a corrente"
Mangabeira Unger
eleito para mudar o modelo adotado por FHC, Lula montou uma equipe econômica que tem o intuito declarado de manter a política monetária anterior.
ao ser confrontada com esta contradição, a parcela mais consciente de seus eleitores, numa vã tentativa de prolongar o gozo da vitória, se agarra a uma última esperança.
imaginam que, para corrigir o desvio original, em algum momento após a posse será colocado em prática o "Plano B".
como o sujeito que em queda livre acha que tudo está bem só porque ainda não se esborrachou contra o chão, não compreendem que nada pode ser pior que negar a realidade.
não existe nenhum "Plano B".
e a verdade é que tanto seu surgimento quanto sua implementação dependem unicamente daqueles que não aceitam que o medo possa vencer a esperança.
ao ser confrontada com esta contradição, a parcela mais consciente de seus eleitores, numa vã tentativa de prolongar o gozo da vitória, se agarra a uma última esperança.
imaginam que, para corrigir o desvio original, em algum momento após a posse será colocado em prática o "Plano B".
como o sujeito que em queda livre acha que tudo está bem só porque ainda não se esborrachou contra o chão, não compreendem que nada pode ser pior que negar a realidade.
não existe nenhum "Plano B".
e a verdade é que tanto seu surgimento quanto sua implementação dependem unicamente daqueles que não aceitam que o medo possa vencer a esperança.