03 dezembro 2005

 

o "Risco Brasil" de Delfim Neto e Associados
18/03/2003


"Hoje baixem os juros. Alguém acredita que o país vai crescer? Isso aqui é insanável: a taxa de juros interna é igual à taxa de juros externa mais o risco Brasil e mais a expectativa de desvalorização cambial. Se o sujeito não entendeu isso, não entendeu nada."
Delfim Neto – 17/03/2003

talvez Delfim Neto seja um mago da economia, o que seria bastante questionável, já que seu "Milagre Brasileiro", patrocinado pela Ditadura Militar, não desenvolveu o país e tampouco reduziu nossas ancestrais desigualdades sociais.

entretanto, algo é certo : de matemática financeira Delfim Neto demonstra estar muito mal informado, ou intencionado.

ao se tomar a taxa de juros praticado nos EUA ( 1,25% ), a variação cambial esperada ( R$ 3,30 / R$ 3,60 ) e o Risco Brasil atual ( 1.076 pontos ), e aplicando a fórmula indicada por Delfim Neto, chegaremos a um taxa de juros para nosso mercado de 22,34%, ao invés dos atuais 26,5%.

isto sem levar em conta que a J.P.Morgan, responsável pela divulgação do Risco Brasil, seja também, coincidentemente, uma das grandes detentoras de títulos internacionais Brasileiros.

ao colocar o Risco Brasil como determinante da taxa interna de juros, Delfim Neto opera uma conveniente inversão dos termos da equação.

desta forma, um índice de risco - o Risco Brasil - que deve ser aferido a partir da taxa interna de juros, em relação com a taxa externa e a variação cambial, acaba estabelecendo nossos juros internos de acordo com as expectativas dos investidores externos.

o que não deixa de revelar o motivo que impede nossa economia de crescer: a fragilidade nas contas externas e a submissão aos interesses do capital financeiro internacional.

com a taxa externa em 1,25% e uma variação cambial de 9%, qualquer índice acima de 10,45% para os juros internos implica em remuneração certa e sem "risco" para os investidores internacionais.

evidentemente, o Mercado cobra um preço para se "acalmar", exigindo um spread mínimo de 1.076 pontos ( 10,76% ), o que vem a ser o Risco Brasil do J.P.Morgan.

a taxa interna de 26,50% corresponde a um Risco Brasil de 1.453 pontos.
ou seja, apesar dos investidores internacionais considerarem aceitável um spread de 10,76%, o BC prefere atendê-los com 14,53%.
como diria Delfim Neto, o sujeito que não entender isto, não entendeu nada.

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