01 dezembro 2005

 


"tenham uma boa amnésia..."
16/12/2002

ao chegar ao poder FHC se apressou em descaradamente anunciar como seria sua atuação : "Esqueçam tudo o que escrevi..." mais tarde, achou conveniente considerar a declaração como apócrifa.


ao menos em algo foi coerente. sua participação efetiva no movimento social se reduz a raras visitas às portas das fábricas. e o exílio a que se auto impôs veio menos em virtude da sobrevivência e muito mais em função de sua conhecida vocação turística.

FHC nunca poderia ter declarado: "Esqueçam tudo que fiz..." da mesma forma que o último ditador militar, o caricato João Figueiredo, FHC jamais nutriu grande apreço pelo cheiro do povo. enquanto aquele se satisfazia no curral, FHC ostenta apetite insaciável pelos palácios.

após o fiasco do "Caçador de Marajás", que pretendeu dar fim à inflação acabando com o dinheiro, o eleitorado tomou como real a ilusão que paridade cambial é desenvolvimento e que a melhor forma de enriquecer é se desfazer, quase de graça, de todos os seus bens.

a eleição de Lula altera todo este quadro. e não só pela inequívoca opção pela mudança.

os que elegeram Lula o fizeram com a consciência que o primeiro ano de seu governo será muito difícil. e concordam em conceder um prazo razoável para que o governo eleito comece a produzir os bons frutos tão aguardados.

em mais uma situação inédita, o Brasileiro colocou de lado seu ancestral imediatismo e começou a tratar o destino do país em termos estratégicos.

desta vez não houve engano.

contudo, assim que o novo governo começa mostrar sua cara, é como se o futuro repetisse o passado. o que se vê é a piscina se enchendo de ratos e um museu de grandes novidades. em Brasília, uma grande festa está sendo montada, para nos convencer a pagar sem ver, um governo que já vem morto antes mesmo de nascer.

seremos todos convocados a ter uma boa amnésia.

muito embora o movimento de tudo na vida seja em forma de espiral, cada volta não passa exatamente pelo mesmo lugar, nem se repetem as mesmas condições.

o Brasil não é o mesmo, tampouco o PT é o PSDB, e muito menos Lula é FHC. as diferenças são fundamentais.

Lula foi eleito como um símbolo vivo de oposição a um modelo sócio-econômico. sua trajetória pessoal e política fez dele o homem certo para receber as expectativas de milhões de Brasileiros.

mesmo que se torne uma paródia mal-escrita de FHC, Lula não poderá simplesmente dizer:
"Esqueçam tudo que sou...". isto é impossível. não apenas para os que o elegeram, como para ele próprio.

então, teremos chegado a um impasse crucial, cujo desfecho, tendo em vista inclusive a personalidade do Presidente eleito, tem tudo para ser dramático.

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