02 dezembro 2005

a monocultura do Mercado
10/02/2003
LFT, LTN, NTN-D e NTN-C são títulos públicos federais, dos quais é composta a maior parte da dívida interna Brasileira.
estes papéis foram modelados para atender a ânsia de rentabilidade dos investidores, seja qual for o cenário.
enquanto a poupança é rentabilizada a conta gotas, os títulos federais oferecem remuneração certa e quase sem risco, em virtude da diversidade de índices a que estão atrelados.
LFT e LTN são indexadas a taxa de juros, sendo a primeira pós fixada e a segunda pré fixada.
desta forma, conforme a expectativa de elevação ou queda dos juros fixados pelo BC, o investidor direciona suas aplicações para o tipo de título que possua afinidade com a tendência do mercado.
se o esperado é a queda dos juros, as LTN pré fixadas são a melhor opção. caso contrário, o indicado são as LFT pós fixadas.
quando a inflação é ascendente, a procura é por NTN-C, que são corrigidas pela variação do IGP-M. como se não bastasse, ainda pagam juros semestrais de 6%.
a correção cambial remunera as NTN-D, também acrescidas de 6% de juros semestrais. estes títulos são usados para se transferir o risco cambial dos empréstimos privados em dólar para o Governo. além disto, sempre há pressão especulativa nos vencimentos de NTN-D o que força a alta do dólar.
não há como perder !
o resultado é que a dívida interna saltou de R$ 85 bilhões em dezembro de 1994 - 16% do PIB - para R$ 666 bilhões em janeiro de 2003, atingindo 52,1% do PIB.
os títulos públicos estão para o mercado assim como a monocultura exportadora está para o latifúndio.
são instrumentos de transferência de riqueza para os grandes investidores, nacionais ou estrangeiros, da mesma forma que algodão, borracha, cana de açúcar e café enriqueceram os latifundiários e as metrópoles estrangeiras.